quinta-feira, 31 de maio de 2012

Um Pouco sobre Segurança

Há muito na literatura sobre formas seguras de se realizar uma transação. Mas pensando em um problema real, creio que acabei de chegar até uma possível solução*.

A questão é a de como evitar que um equipamento como o chupa-cabras acabe por roubar informações suficientes para que outra pessoa faça o saque?
Pois bem, este problema é mais genérico do que isso: se você não confia no instrumento que recebe informações que você forneceu, como garantir que o resultado não será adulteração/ roubo da informação recebida?

Pensando sobre isso, visualizei um esquema aonde um segundo canal seria usado para comunicação. Um canal aonde o chupa-cabras não tivesse nenhuma influência. Então a ideia seria esta:
  1. O atendente passa o cartão na máquina - que pode ou não ter um chupa-cabras.
  2. O banco recebe o pedido e gera um número aleatório.
  3. Este número gerado é enviado ao usuário pelo canal adicional - que pode ser o celular, por exemplo
  4. O usuário recebe o número enviado pelo banco. Este número é a senha da transação.
  5. O usuário entra esta senha no equipamento.
  6. O equipamento envia esta senha para o banco - caso seja a mesma a transação é confirmada.
  7. Na próxima transação, o banco irá gerar outro número aleatório.
Um esquema similar com um segundo canal poderia ser utilizado na situação da urna eletrônica, por exemplo. Nesse caso é necessário um, ou mais servidores que gerariam um número de transação que enviaria a informação do voto, por exemplo.

Mas isso merece um pouco mais de tempo pensante ainda.

*Post Scriptum
Na realidade, acabei de ver uma solução bem mais interessante de um amigo professor da UnB.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Não é Irônico?

Deixo claro aqui e agora: sou contra o desarmamento.
Retirado do site Sem Hipocrisia
As razões são muito variadas, mas o principal é uma questão de direito (está até na constituição americana - eu li).

Mas o que dizer de ex-guerrilheiros que orgulham do seu passado, mas apoiam o desarmamento?

Como é que é mesmo o nome daquela pessoa que fala para você não fazer uma coisa, mas ela mesma se valeu daquilo?

Sim, isto é verdade mesmo! José Dirceu é um deles. Naturalmente, ter orgulho de um passado de guerrilheiro, quando pegou em armas para "defender a democracia", e querer avançar a agenda do desarmamento não é apenas contraditório.
Retirado do Fotolog
É algo bem menos nobre

terça-feira, 29 de maio de 2012

A Greve a a Enrolação

Eu acho extraordinário como as notícias são distorcidas de modo sem vergonha. E na minha universidade...

Que papelão...

Mas vamos ao que saiu (antes que alterem). Eu vou grifar as partes relevantes...

Estudantes da UnB também decidem entrar em greve
Paralisação foi definida em uma das maiores assembleias dos últimos anos. Apoio à greve docente também foi aprovado

Pedro Rafael Ferreira - Da Secretaria de Comunicação da UnB

 Tamanho do Texto

A assembleia geral dos estudantes da Universidade de Brasília deflagrou greve da categoria no início da tarde desta quinta-feira, 24 de maio. O movimento segue a paralisação dos professores da instituição, iniciada há uma semana, e contou com o apoio quase unânime dos alunos presentes. Segundo o Diretório Central dos Estudantes (DCE), a lista de presença teve 431 assinaturas, mas o vão da entrada norte do Instituto Central de Ciências (ICC), local conhecido por Ceubinho, ficou praticamente lotado, indicando uma presença de aproximadamente 600 estudantes.
Veja as imagens da assembleia no flickr da UnB Agência.
O número supera as assembleias estudantis realizadas nos últimos quatro anos. “Só é comparável à ocupação da reitoria, em 2008”, avaliou Heitor Claro, estudante de Economia, em referência às mobilizações que culminaram na queda do então reitor Timothy Mulholland. “Das assembleias que já participei, sem dúvida essa foi a mais lotada desde a ocupação”, concordou Pedro Henrique, estudante do 10º semestre de Medicina e que acompanhou o movimento da época.
Os alunos também aprovaram a pauta de reivindicações, que exige investimento equivalente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação no país, melhoria na assistência estudantil, paridade nas eleições para reitor da UnB e interrupção do calendário acadêmico. Aprovaram ainda moção de apoio à greve dos professores. “A pauta dos professores não é exclusivamente salarial, mas por melhores condições de trabalho, como plano de carreira, e isso tem a ver com os estudantes. Nossa responsabilidade é dar continuidade ao processo nacional”, afirmou Lucas Brito, estudante de Serviço Social.“A greve já tem mais de 40 universidades e institutos federais envolvidos. Com uma adesão dessas, alguma coisa só pode estar errada”, comentou Isabela Aysha, estudante de Letras. 
AGENDA – À noite, o comando se reuniu para traçar as primeiras estratégias de mobilização. A ideia é iniciar uma campanha de sala a sala. “Mais do que fazer barulho, precisamos estruturar uma movimentação em sala de aula, junto com o comando de greve dos professores e representantes dos funcionários, além do próprio comando de greve estudantil, explicando o porquê da greve, convidando para as discussões”, comentou Heitor Zanini, estudante de Ciências Sociais.
O comando de greve estudantil também definiu a elaboração de um informativo sobre a greve, que será distribuído entre os estudantes. “Eu, por exemplo, não sei direito o que é uma greve estudantil. Precisamos esclarecer isso melhor para mobilizar toda a comunidade”, observou Luana Weyl, estudante de Serviço Social.
O professor Rodrigo Dantas, do Departamento de Filosofia, e membro do comando local de greve dos docentes, convidou os estudantes para uma articulação conjunta entre os dois segmentos. “Vamos construir uma agenda local comum de greve”, falou. Nesta sexta-feira, 25 de maio, os comandos de greve de estudantes e professores se reunirão, às 10h, na sede da Associação dos Docentes da UnB para discutir os desdobramentos da greve.
QUÓRUM - “O movimento estudantil, historicamente, nunca se posicionou contra uma greve. É um instrumento de luta e temos nossa própria pauta”, comentou Diogo Ramalho, estudante de Letras, que fez uma das falas de apoio à declaração de greve.
Para o DCE, no entanto, a decisão tem caráter apenas consultivo, já que não houve quórum mínimo, que é de 1.087 estudantes. “Nós [do DCE] consideramos a assembleia legítima, apesar de não ter tido quórum representativo para deliberação”, avaliou Octávio Torres, estudante de Direito e coordenador-geral do diretório. “Temos que avaliar comparando com a realidade, comparando com as assembleias anteriores. Foi muito representativa sim”, discordou Lorena Fernandes, do curso de Serviço Social. “O fato de não ter tido quórum mínimo não deslegitima em nada a decisão de greve”, acrescentou Cynthia Funchal, estudante de Letras. “Na Universidade Federal Fluminense, a assembleia que decidiu pela greve estudantil contou com 700 estudantes. Na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, foram 800 alunos e na Universidade Federal de Uberlândia, cerca de 500”, comparou Lorena Fernandes.
CRÍTICAS – Muitos alunos foram ao microfone para criticar um suposto desinteresse do DCE na divulgação da assembleia. “Na hora de colar cartazes pedindo a presença da polícia no campus, o DCE vai em todas as faculdades. Quando é para convidar para uma assembleia, principal espaço de deliberação estudantil, o DCE só divulga pela internet e não de sala em sala, como deveria ser. Não se faz movimento estudantil pela internet”, protestou Nunes Rio, estudante de Economia.
“Grupos de oposição ao DCE reuniram 31 assinaturas de Centros Acadêmicos pressionando por uma reunião do Conselho de Entidades de Base ou uma assembleia. Foi só depois de muita pressão que o Diretório cedeu e chamou a assembleia”, afirmou Lucas Barbosa, estudante de Letras e membro do Coletivo Mobiliza UnB.
Há duas formas de convocar uma assembleia: uma lista com 3,5 mil assinaturas de estudantes ou uma convocatória do DCE. Para Octávio Torres, coordenador-geral do diretório, não houve “corpo-mole”. “O DCE se reuniu com todas as forças políticas do movimento estudantil para decidir o que fazer. Propomos incialmente que fosse na sexta-feira, para termos tempo de divulgação, mas os grupos preferiram que fosse hoje. Divulgamos em nossos meios de comunicação, como Facebook e blog. Na minha visão, tentamos construir da melhor maneira”, rebateu.

Bem, afinal são 431 ou 600? Os estudantes estão ou não de greve? Bem, vamos ver o que o DCE escreveu:

Comunicado Oficial do DCE: Assembleia Geral dos Estudantes da Universidade de Brasília (24/05/12)

24 de maio de 2012 em Assembleia GeralAssistência EstudantilNotas
O Diretório Central dos Estudantes Honestino Guimarães pre­si­diu a Assembleia Geral Extraordinária dos Estudantes da Universidade de Brasília hoje, 24 de maio, às 12h no Ceubinho, Campus Darcy Ribeiro. A pauta tra­tou da Greve Nacional dos Docentes das Universidades Federais e da situ­a­ção da Assistência Estudantil.
Durante a Assembleia 431 estu­dan­tes assi­na­ram a lista de pre­sença. Não se atin­giu, por­tanto, o quó­rum mínimo de 3% do total de estu­dan­tes de nossa Universidade, o qual cor­res­ponde à 1097 estu­dan­tes. Conforme deter­mi­na­ção do Estatuto do DCE/UnB, art. 20, não se atin­gindo o quó­rum mínimo a Assembleia tem cará­ter con­sul­tivo e não deliberativo.
Após os tra­di­ci­o­nais infor­mes, iniciou-se a Assembleia pelo ponto da greve dos docen­tes. Foi aberto, em seguida, um período para as ins­cri­ções aos favo­rá­veis e aos con­trá­rios à greve naci­o­nal. Após as falas, foi enca­mi­nhado pela Mesa a vota­ção de uma moção de apoio a greve naci­o­nal dos docen­tes das Universidades Federais, que por con­tra­taste foi aprovada.
Posteriormente, sugeriu-se a Mesa que fosse enca­mi­nhada a vota­ção de uma greve dis­cente em apoio a greve dos pro­fes­so­res e pela qua­li­dade da edu­ca­ção naci­o­nal. A mai­o­ria dos pre­sen­tes votou pela greve dos estu­dan­tes, tendo como pauta: 10% do PIB para edu­ca­ção, assis­tên­cia estu­dan­til, pari­dade e a sus­pen­são do calen­dá­rio acadêmico.
Os pre­sen­tes na Assembleia ainda mar­ca­ram uma reu­nião para ins­ti­tuir um Comando Local de Greve, hoje às 18h, no Mezanino da Entrada do ICC-Norte (Ceubinho). Nesta reu­nião serão defi­nidos os pró­xi­mos pas­sos da mobi­li­za­ção estudantil.
Finalmente, a Gestão do DCE con­vo­ca­ para terça-feira pró­xima, 29 de maio, o Conselho de Entidades de Base (CEB) —  cole­gi­ado de Centros Acadêmicos desta Universidade — para homo­lo­gar ou não as deci­sões con­sul­ti­vas toma­das pela Assembleia Geral  Estudantil da Universidade de Brasília rea­li­zada neste 24 de maio.

Pois é os estudantes não entraram de greve pois a assembléia não atingiu o quorum mínimo.

Olha só que coisa... O chato é que a notícia também já foi replicada para jornais.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Coisas que Mentimos para Nós Mesmos - 27

Está no ar a comissão da verdade.

Como de esperar há um certo ar de revanchismo no meio. Se olharmos o documento que descreve os objetivos da comissão parece não haver esta motivação.
O primeiro objetivo de uma Comissão da Verdade é DESCOBRIR, ESCLARECER e RECONHECER ABUSOS DO PASSADO, DANDO VOZ ÀS VÍTIMAS. Isso significa que a Comissão deve estabelecer um registro apurado do passado histórico, através do processo testemunhal das vítimas. Somente entrevistando livremente os que foram submetidos a abusos e dando voz aos que, muitas vezes ainda hoje, permanecem em silêncio é que se poderá constituir a “História silenciada” do período.
Mesmo os objetivos adicionais parecem bastante razoáveis.
  • COMBATER A IMPUNIDADE
  • RESTAURAR A DIGNIDADE E FACILITAR O DIREITO DAS VÍTIMAS À VERDADE
  • ACENTUAR A RESPONSABILIDADE DO ESTADO E RECOMENDAR REFORMAS DO APARATO INSTITUCIONAL
  • CONTRIBUIR PARA A JUSTIÇA E A REPARAÇÃO
  • REDUZIR CONFLITOS E PROMOVER A RECONCILIAÇÃO E A PAZ
Ou seja, o propósito é o de esclarecer os abusos passados para se mover para frente.

Bem, pelo menos é o que se pode acreditar até ler isto aqui:

“Os crimes eventualmente praticados pela oposição, vamos dizer assim, já foram julgados. Só na Junta Militar de São Paulo existem mais de três mil processos. O Estado combateu aqueles crimes, julgou as pessoas, quando não foram desaparecidas, e puniu. O direito, ainda que um direito autoritário, foi aplicado. A presidente Dilma foi presa, acusada de pertencer a determinado grupo, e condenada (*). Não há dúvida sobre isso. Por que razão a Comissão da Verdade iria verificar tudo de novo, se os autos desses processos são públicos? Podemos dizer que se trata até de uma questão de economia processual.”

O problema é que isso é mentira. Ou, sendo mais diplomático, o problema é que isso é uma falácia.

É verdade que algumas pessoas foram presas e julgadas. É verdade que muito foram condenados. Mas não é absolutamente verdade que todos os crimes tenham sido julgados.

É aquela velha falácia das partes pelo todo (falácia da composição): Se alguns foram julgados e condenados, então todos foram julgados e condenados.

É uma daquelas falácias bem básicas, mas que mesmo diretores da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas fazem uso (ou caem nela) de vez em quando.

domingo, 27 de maio de 2012

Monty Python Brasileiro

Hoje trago um bom momento da TV Brasileira: TV Pirata.

Há muitos momentos impagáveis no seriado.

Essa aqui é uma das minhas favoritas

1 saco de pitombas passa a valer uma Narjara Turetta.

sábado, 26 de maio de 2012

Pequenas Pérolas do Cinema - 61

Hoje é dia de um filme de ação de primeira grandeza: Dirty Harry.

Aliás, uma das maiores diversões é ver as tiradas que Harry Callahan fala ao longo do filme. Aqui vão duas das minhas favoritas, a do começo:

E a do final.

A música também é de excelente qualidade, composta por Lalo Schifrin.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Triste Violência

Saiu recentemente os resultados do Mapa da Violência do Instituto Sangari.

Mais uma vez vemos que as pessoas não entendem patavina de estatística, ou que preferem dar o "spin" que lhes interessa.

Muitos divulgaram os números dos homicídios de mulheres no Brasil com espanto e horror!

Mas na realidade não é nada disso. Os números são claros, já as interpretações...quanta diferença. O Brasil tem uma taxa de homicídios de 26.2 por centena de milhar. Vamos arredondar para os números (no caso 25) para facilitar a explicação. 25 em 100.000 corresponde a 1 chance em 4.000.

Não é um número bonito, mas vamos dar uma olhada com mais detalhes.
  • No caso da cor: Brancos tem índice de 3 a cada 20.000 enquanto Negros de 7 a cada 20.000.
  • No caso do gênero: Homens tem índice de 9 a cada 25.000 enquanto Mulheres de 1 a cada 25.000.
  • No caso de idade: Jovens tem índice de 1 a cada 2.000 enquanto Não Jovens de 1 a cada 5.000
Tudo isso pode ser sumarizado nas probabilidade condicionais.
  • p(Negro |  Homicídio ) = 2.33 *p(Não Negro |  Homicídio)
  • p(Homem |  Homicídio ) = 9* p(Mulher |  Homicídio )
  • p(Jovem |  Homicídio ) = 2.5 * p(Não Jovem |  Homicídio )
No entanto, p(X | Homicídio) (a probabilidade de ser X dado que foi morte por homicídio) é diferente de p(Homicídio| X) (a probabilidade de morte por homicídio dado que ser X). Então para enxergar a coisa do modo correto temos de usar o Teorema de Bayes. No caso da mulher:

p(Homicídio | Mulher) = p(Mulher | Homicídio) * p(Homicídio)/p(Mulher)

Mas estamos interessados não exatamente nisso, mas na relação entre os casos Homens versus Mulheres. No caso:
p(Homicídio | Mulher)/p(Homicídio | Homem) = [p(Mulher | Homicídio) * p(Homicídio)/p(Mulher)]/ [p(Homem | Homicídio) * p(Homicídio)/p(Homem)] =[p(Mulher | Homicídio) * p(Homem)]/ [p(Homem | Homicídio) * p(Mulher)] =[p(Mulher | Homicídio)/p(Homem | Homicídio) ]  * [p(Homem)/p(Mulher)]

Fazendo as contas:
p(Mulher| Homicídio)/p(Homem| Homicídio) = 1/9
p(Homem) = 0.49
p(Mulher) = 0.51

Então chegamos a p(Homicídio | Homem ) = 9.4* p( Homicídio  | Mulher)

No caso do Negro, a situação é mais emblemática. A questão é se consideramos Negro como Pardo + Negro (50% da população) ou somente Negro (8% da população). A verdade é que as respostas são diferentes:

p(Homicídio | Negro)/p(Homicídio | Não Negro) = [p(Negro | Homicídio)/p(Não Negro | Homicídio) ]  * [p(Não Negro)/p(Negro)]

Caso de 8%:
p(Homicídio | Negro) = 27 * p(Homicídio | Não Negro)
Caso de 50%:
p(Homicídio | Negro) = 2.33 * p(Homicídio | Não Negro)

Então, temos de enxergar as coisas em perspectiva: dos quase 50.000 homicídio de 2010, cerca de 46 mil foram de homens e 4 mil de mulheres. Ou seja, se dividirmos pelo número de horas em um ano teremos que enquanto morre 1 mulher a cada 2 horas (em média), morre 1 homem a cada 12 minutos.

O problema é que isso é politicamente incorreto.

Neste mesmo assunto, um detalhe na notícia me chamou a atenção:
El Salvador lidera o ranking, com taxa de 10,3 vítimas para cada 100 mil mulheres. Na frente do Brasil ainda aparecem Trinidad e Tobago (7,9), Guatemala (7,9), Rússia (7,1), Colômbia (6,2) e Belize (4,6).
Com taxa zero, Marrocos, Egito, Bahrein, Arábia Saudita e Islândia estão na outra ponta do índice de homicídios entre as mulheres.
Zero? A Islândia vá lá, mas e o resto? Nenhuma mulher no Egito, Marrocos, Arábia Saudita e Bahrein foi assassinada em 2010? Só homens?

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Greve, greve, e mais greve...

Novamente os professores estão de greve na UnB. Eu sou professor e não estou de greve.

Logo não são todos os professores que estão de greve.

Aliás suspeito que o número será pequeno desta vez. A verdade é que ainda não sei por que motivo para ter greve. O governo está negociando, o salário não está tão ruim assim (pelas minhas contas, com mais 5.3% teríamos reposição completa da inflação de 1998 até hoje - já contando os 4% de aumento).

Mas tenho minhas suspeitas: não tem nada a ver com os interesses dos professores.

Na realidade, já me explicaram quais seriam as razões, mas como só tenho informações parciais, eu prefiro ter mais detalhes. Ah, sim... as explicações confirmam que não tem nada a ver com o interesse dos professores.

No entanto, não creio que as pessoas que tomaram a decisão pela greve tem todas as informações. Suspeito que tomaram a decisão baseado no conjunto restrito de informações que foram fornecidas na hora.

Neste ponto de vista, concordar cegamente com o que um dos lados fala é bastante natural para a maioria das pessoas. Infelizmente é um tanto que imperdoável para alguém que busca conhecimento e a verdade (como um professor deveria fazer). Mas sabemos que esta definição de professor não serve para muita gente mesmo, não?

Minha suposição é que nem é esse o motivo. Minha suposição é que essa decisão foi tomada apenas emocionalmente. O que termina sendo ainda pior, para alguém que deseja essa busca de conhecimento, verdade e tal...

Talvez eu esteja sendo injusto. Mas uma coisa eu não vou mais ser: não vou ficar calado como fiz no caso da URP a respeito de barbeiragens sindicais. Eu fiquei sem muita paciência para este tipo de corporativismo.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

E quando o Interlocutor é doido?

Claro que o interlocutor não é doido (ou pelo menos acho eu). Mas a simulação de atitudes irresponsáveis, irreais, mas pecaminosamente sedutoras pode ser usada como tática de debate.

Da mesma forma que a distração (misdirection é o termo mais exato), a criação de uma explicação perfeita ou de uma denominação perfeita, porém falsa, pode funcionar como uma forma de conduzir o debate para o lado que se deseja.

Com este comportamento aparentemente irracional, o debatedor pode escapar de ser encurralado porque simplesmente apresenta seus argumentos como age com um bêbado indo de um lado para outro aleatoriamente. Isto confunde o debate e torna-o menos racional - mas até divertido para um espectador fã de futebol (ou artes dramáticas), mas não de lógica.

Por que estou falando isto? Porque as assembleias de professores que já fui são cheias desses exemplos. As pessoas que descrevo não estão lá para fazer sentido, mas para fazer vencer seus interesses. Os discursos tem pouca racionalidade e com isso frequentemente cometem erros básicos: tentam criar sempre um "inimigo comum" (a tática de união mais antiga que existe, provavelmente).

Mas ao fazer isto, ao inventar um inimigo, estas pessoas acabam revelando a si mesmas. Como o inimigo é imaginário,ou se tem muito pouca informação a respeito, então a solução é completar as lacunas com o que se tem. No caso destes interlocutores, frequentemente eles completam os vícios do inimigo imaginário com seus próprios vícios.

O problema é que as pessoas não enxergam isso. Ou não querem enxergar, não sei...

Caso em questão: o pedido de suspensão de calendário acadêmico na UnB.

Qual o problema? Bem, a greve começou nesta segunda-feira (21/05/2012). Já estão pedindo a suspensão do calendário acadêmico?

Em outras greves isto só acontecia depois de várias semanas.

Por que então o pedido no segundo dia de greve?

Minha suspeita é que a adesão está bastante baixa. Como divulgar isto em público atrapalha os objetivos da greve, a ordem é dizer que as assembleias estão "levantando a massa". Mas se isso está acontecendo, então por que pedir a suspensão do calendário com apenas um dia de greve?
Foto da Agência UnB
Resposta? Forçar os professores a encarar a greve: seja aderindo (o que é desejado), ou lutando fortemente contra ela.

Suspeito que há um risco grande de o tiro sair pela culatra.

Idealismo Ingênuo

Não pensem os leitores que somente os alvos de minhas críticas sofrem de problemas para lidar com a realidade (ou seja, estou sendo bonzinho e chamando todos de bem intencionados irrealistas).

Assim como muitos, eu também sofro de idealismo ingênuo.

O meu idealismo particular mais intenso é sobre segredos, ou melhor sobre a ausência dos mesmos. No meu idealismo o mundo, e as pessoas, não deveriam ter segredos. Bom pelo menos, o que se diz com finalidade pública não deveria ter segredos.

Claro que é tolo, eu sei. Claro que é contra a natureza humana, eu sei.

Mas os segredos ao mesmo tempo que dão vantagem, também aprisionam e envenenam. E pior, dão margem para a fofoca, para a especulação e por vezes a mentira deslavada mesmo.

Há algo que gostaria de ver acontecer: observar a história ser contada como realmente foi, sem as polarizações ideológicas. E não venha com o papo de não tem história sem ideologia - faça um favor a você mesmo e a humanidade: leia de verdade o Manifesto Comunista (de verdade mesmo, não é só dizer que leu. Não, também não é ler somente a resenha). Olha, vou facilitar: aqui ele está em pdf e aqui em html. Depois podemos debater sobre esta conversa mole de história com ideologia.

O problema dos segredos na história é que eles atrapalham entender como as coisas aconteceram. Como se já não bastasse a polarização ideológica, o desaparecimento natural de evidências e as diversas versões, ainda temos de conviver com segredos.

Neste ponto eu sou plenamente favorável ao fim do sigilo eterno. Mais ainda, creio que as ações de governos passados (inclusive o militar) devem ser esclarecidas e se possível divulgadas. Não é o caso de se abrir processos, mas de divulgar mesmo.

Só assim poderemos ter certeza do que é verdade e o que é falsidade em livros como Memórias de um Guerra Suja.
Ah, e só para deixar claro: também sou favorável a divulgar informações históricas de partidos, associações, grêmios e tudo mais que se diz público - inclusive da história de ex-guerrilheiros.
Então vá lá... Já que não dá para ter um mundo sem segredos, vamos pelo menos ter um mundo sem segredos eternos...

terça-feira, 22 de maio de 2012

A Eleição da UnB e a Partidarização

Infelizmente parece que os tempos de aparelhamento estão voltando. Pode parecer insanidade, paranóia, ou mesmo delírio.

Mas não é o caso...

Antes de relatar o caso, permitam-me um pequeno caveat lector: eu não tenho nada contra filiação de pessoas à partidos. Mas tenho contra a interferência de partidos em uma universidade. A meu ver, só existe problema quando as pessoas que deveriam representar os interesses da universidade passam a representar os interesses do partido.

E isso é problema? O leitor pode perguntar... Sim, quando os interesses da universidade não coincidirem com os do partido. Infelizmente isso acontecer bastante - perguntem aos filiados a sindicatos. Quando o partido está na oposição, os interesses costumam se alinhar, mas basta o partido virar situação que o que o quadro se inverte.

Bem, uma vez dado este pequeno aviso, vamos ao problema em questão: o PT está reativando o núcleo PT-UnB. Até aí não tem nada demais. Mas vamos ao texto em questão:

Primeira atividade do grupo será debate “A UnB que queremos”. Parlamentares, dirigentes, professores, servidores e estudantes estarão presentes.
O Núcleo de Base do PT na Universidade de Brasília, UnB, foi refundado em abril deste ano, com o objetivo de rearticular o partido na Universidade e discutir os rumos do ensino superior no Brasil. A iniciativa teve a participação de servidores, professores e estudantes.  A refundação dos núcleos do PT é uma tendência nacional, e tem acontecido em várias universidades públicas do Brasil, sempre com o intuito de fortalecer as lutas no campo da educação brasileira.
A primeira atividade organizada pelo Núcleo é o debate intitulado “A UnB que queremos”, a ser realizado neste sábado (12), às 15h, na Praça Chico Mendes, Campus Darcy Ribeiro- UnB, e contará com a presença de parlamentares, dirigentes de diversos movimentos, professores, servidores e estudantes, sendo aberta a todos (as) militantes e simpatizantes do Partido dos Trabalhadores.
Com a rearticulação dos Núcleos de Base, espaços de discussão e formulação política, dentro das universidades do Brasil, o partido tem a oportunidade de, por meio do diálogo entre seus militantes, aprofundar seu projeto educacional tangente ao ensino superior brasileiro, visando uma desconstrução dos padrões de Direita ainda arraigados no sistema universitário público, contribuindo para a democratização da universidade e construção de um projeto político cada vez mais comprometido com a emancipação da educação brasileira”.
(Jamila Gontijo - Portal do PT, com informações do Núcleo PT/UnB)
Bem, tirando a parte de "desconstrução dos padrões de Direita ainda arraigados no sistema universitário público", parece que não há nada demais não? Hummm, o problema é o mote: "UnB que queremos". Quem quer? O PT?

Se não é o PT, então porque ele está organizando um debate para dizer como quer a UnB? Não é o PT? São os professores? Não creio...

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Coisas que Mentimos para Nós Mesmos - 26

Você, caro leitor, já teve lapsos aonde o julgamento é feito rapidamente baseado no que vê?

Prepare-se para algumas surpresas.

Você já deve ter visto esta cena em Bowling for Columbine

Não? Veja então a entrevista do filme

Então, este Charlton Heston só pode ser um malvado bandido sem coração, não?

Bem... Na realidade não. Veja esta foto.
Montagem? Então veja a entrevista...

Complicou, não? É o tipo de coisa que dá nó na cabeça de alguém.

Mas na realidade é uma ótima forma de mostrar que as pessoas não são unidimensionais como se imagina. E também serve para aprender a desconfiar de documentários.

domingo, 20 de maio de 2012

O Oeste Loucamente Selvagem

Hoje é dia de um seriado que eu gostava bastante: James West

Eu vi o seriado na década de 70, mas ele é da década de 60. O melhor sumário que já encontrei é este: James Bond no Velho Oeste! Eu tive a sorte de encontrar aqui o primeiro episódio.

A temática era bastante variada, mas essencialmente era a história de dois agentes secretos americanos no Velho Oeste. Eles sempre estavam as voltas com os mais diversos tipos de vilões.

Mas eu deixo uma recomendação importante: se quiser ver James West evite a todo custo o filme de 1999. É capaz de estragar o gosto do seriado. Deixo vocês com o tema de abertura do seriado.

sábado, 19 de maio de 2012

Pequenas Pérolas do Cinema - 60

Hoje é dia de um grande filme sugerido nos comentários: Um Homem Chamado Cavalo.


Naquele filme há uma cena famosíssima com a suspensão no ar do protagonista pelos mamilos.
Hoje é bem mais comum ter gente que faz isso.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

O Tempo e a Culpa

Não posso deixar de notar a força que se está fazendo para culpar a revista Veja pelos males do país.

Naturalmente, a mesma Veja que o governo ataca sem dó hoje serviu aos seus propósitos quando era oposição. Aliás, é fantástica a lógica do "se ataca meus inimigos é isenta, se ataca meus amigos é comprada!". O leitor atento pode observar com atenção que reportagens de Veja servem de argumento positivo ou negativo para oposicionistas ou governistas.

O fato é simples: nunca aprendemos a conviver com liberdade de expressão, ou mesmo liberdade de imprensa. Então, vez por outra, entramos na roubada de achar que uma pessoa não pode dizer alguma coisa porque ofende a alguém. De modo similar temos a tendência a acreditar que existem "conspirações" aonde a imprensa pretende derrubar o governo.

De novo, se olharmos a história vemos que a imprensa raramente tem este poder.

Mas que a imprensa acredita que pode acusar sem assumir responsabilidade, isso é verdade. Felizmente, há o caminho jurídico que acaba remediando isso de um modo ou de outro. Não resolve o problema de verdade, mas se o veículo de comunicação se meter a fazer trapalhadas com constância, então logo logo os editores e chefes começam a ser ver em apuros.

Dito tudo isso, quero chamar atenção a um fato: o editor da Veja em Brasília realmente estava usando informações fornecidas por Carlinhos Cachoeira. Isso caracteriza Cachoeira como um fonte sigilosa da revista. Naturalmente, Cachoeira se aproveitava disso.

E é isso...

O editor foi cooptado? Bem, aí se você ler o livro Privataria Tucana, então vai notar que o penúltimo capítulo fala sobre o relacionamento entre Rui Falcão, Luiz Lanzetta, Amaury Júnior e Policarpo Júnior - o texto está aqui. Humm, complica agora saber que alguém do PT usou Veja para prejudicar outros do PT.

Não é lindo? Rui Falcão queria usar a Veja da mesma forma que Carlinhos Cachoeira: para atingir alvos específicos! E o mais lindo é que isso é contado pelo Amaury Júnior - o mesmo camarada, amigo de Idalberto Matias - que os militantes do PT afirmam ter descoberto uma "grande conspiração dos tucanos".

No fundo é bem o que este artigo de Alberto Dines explica.

Minha sugestão: leia o artigo de Dines e tome sua decisão a respeito - sobre cooptação, política e como funciona o Brasil

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Inflação e o Valor do Dinheiro

Achei um blog que afirma que os professores universitários ganhavam mais no tempo de FHC do que hoje em dia. Bem, como se calcula isso?

Na realidade temos de calcular o quanto uma quantidade de dinheiro de hoje valeria naqueles tempos. Isto ou calcular o quanto um valor daqueles tempos seria hoje. Na realidade, tendo a inflação histórica, isto se torna simples:
Ano Multiplicador para 2012
1998 2,37
1999 2,33
2000 2,14
2001 2,02
2002 1,88
2003 1,67
2004 1,53
2005 1,42
2006 1,34
2007 1,30
2008 1,25
2009 1,18
2010 1,13
2011 1,07
Este multiplicadores permitem saber quanto vale uma dada quantidade de  dinheiro de 1998 hoje, ou uma dada quantidade de dinheiro de hoje em 1998. Como usar? Vamos a alguns exemplos:
  • Quanto vale hoje o equivalente a R$ 1,00 em 1998? Resposta:  R$ 1,00 * 2,37 = R$ 2,37 - ou seja R$ 1,00 em 1998 corresponde a R$ 2,37 em 2012.
  • Quanto vale em 2008 o equivalente a R$ 1,25 hoje? Resposta: R$ 1,25 / 1,25 = R$ 1,00
  • Quanto vale o salário de um professor adjunto 1 de hoje em 1998? Resposta: R$ 7333,67/2,37 = R$ 3094,38
  • Quanto vale o salário de um professor adjunto 1 de 1998 hoje? Resposta: R$ 3388,31 * 2,37 = R$ 8030,30
Então, realmente existe uma defasagem entre o que o salário de uma professor adjunto 1 é hoje e o que deveria ser. Para que tivesse equivalência de 100%, o salário de hoje deveria ser aumentado em 9.5% (saiu a notícia recentemente que foi aumentado em 4%).

quarta-feira, 16 de maio de 2012

O Dilema de Hamlet

Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre
Em nosso espírito sofrer pedras e setas
Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,
Ou insurgir-nos contra um mar de provações
E em luta pôr-lhes fim? Morrer.. dormir: não mais.
Dizer que rematamos com um sono a angústia
E as mil pelejas naturais-herança do homem:
Morrer para dormir... é uma consumação
Que bem merece e desejamos com fervor.
Este é o dilema de Hamlet. O que ele significa? Bem, as interpretações variam, mas acredito que se trata de escolher prosseguir ou não com as árduas tarefas pela frente. No caso de Hamlet, este extrato do famoso discurso da primeira cena do terceiro ato trata de um Hamlet em dúvida sobre a veracidade das ações do seu tio, conforme contadas pelo fantasma (que afirma ser seu pai). E, acredito eu, que é exatamente em torno dessa dúvida que o famoso solilóquio descrito acima ocorre.

Esta interpretação é justificada pela artimanha de representar a morte do rei segundo a descrição do fantasma, usando uma interpretação teatral. Com a reação de seu tio a peça, Hamlet decide que deve agir para vingar o pai. E daí a tragédia se desenrola...

É a partir da indecisão e do uso da artimanha para verificar que seu tio tinha assassinado o rei que tudo vai ladeira abaixo. Seu tio passa a suspeitar de Hamlet e tramar seu assassinato. Talvez a nobreza moral de Hamlet o leve a duvidar das informações fornecidas pelo fantasma, mas o fato é que a busca de sua confirmação é que acaba por avançar com a tragédia.

A inação condenou Hamlet? A sua busca de certezas foi a culpada? Aí cada um interpreta como quiser.
Dormir... Talvez sonhar: eis onde surge o obstáculo:
Pois quando livres do tumulto da existência,
No repouso da morte o sonho que tenhamos
Devem fazer-nos hesitar: eis a suspeita
Que impõe tão longa vida aos nossos infortúnios.
Quem sofreria os relhos e a irrisão do mundo,
O agravo do opressor, a afronta do orgulhoso,
Toda a lancinação do mal-prezado amor,
A insolência oficial, as dilações da lei,
Os doestos que dos nulos têm de suportar
O mérito paciente, quem o sofreria,
Quando alcançasse a mais perfeita quitação
Com a ponta de um punhal? Quem levaria fardos,
Gemendo e suando sob a vida fatigante,
Se o receio de alguma coisa após a morte,
–Essa região desconhecida cujas raias
Jamais viajante algum atravessou de volta –
Não nos pusesse a voar para outros, não sabidos?
O pensamento assim nos acovarda, e assim
É que se cobre a tez normal da decisão
Com o tom pálido e enfermo da melancolia;
E desde que nos prendam tais cogitações,
Empresas de alto escopo e que bem alto planam
Desviam-se de rumo e cessam até mesmo
De se chamar ação.
Mas eu vejo um outro ponto interessante: como tomar decisões quando se tem informações incompletas?

Este é um ponto que considero fundamental hoje: agir ou não agir? Qual o cálculo moral necessário? Sinto hoje, que com a abundância de informações, a decisão se torna cada vez menos racionalizada. A decisão se torna cada vez menos informada, cada vez mais, a decisão é tomada baseada em preconceitos, ilusões e vícios de pensamento.

O que não deixa de ser extraordinariamente irônico considerando que estamos na era da informação.~

terça-feira, 15 de maio de 2012

Gastando Calorias e Perdendo Peso

Mais um post sobre a mais minha mais nova paranoia: perda de peso.
Finalmente encontrei uma relação entre massa e Caloria: 1 kg = 7700 Calorias (ou 7700 kcal, ou 32 MJ). Ou seja para perder 1 quilo, temos de sumir com as calorias na dieta. No entanto é necessário estabelecer a taxa metabólica basal. Eu calculo que se eu "fizer sumir" 256 Calorias por dia dá 1 kg por mês. Do jeito que eu vejo, existem três maneiras: mudando a dieta, exercitando, ou uma combinação das duas. Talvez 128 de dieta e 128 de exercício de conta.
Juntando as duas coisas, a conta certa é essa: 20 minutos de caminhada@ 5km/h = 120 Calorias, 10 minutos de bicicleta@24 km/h = 50 Calorias. Total: 170 Calorias x 5 dias/semana  x 4 semanas = 2720 Calorias. Isto quer dizer que tenho que cortar 7700-2720 = 1950 Calorias da minha dieta mensal = 65 Calorias por dia cortadas.
Claro que dá para fazer apenas com dieta, mas isto significa cortar 256 Calorias por dia.

O que consegui até hoje foi 1 kg por semana (durante 8 semanas). Como estou fazendo estes exercícios 5 dias por semana, isto dá 850 Calorias por semana, o que dá que estou consumindo  978 Calorias a menos por dia.

Entretanto...

Este site me fez pensar um pouco mais respeito dos gastos. Segundo ele, para cada kg, o organismos usa cerca de 33 Calorias para necessidades básicas. Como eu estava com 119 kg então minha dieta básica exigia 3927 Calorias por dia só para me manter com o mesmo peso. Cheguei até a uma equação para esta quantidade de calorias:

Calorias_base(k)=Calorias_base(k-1)+4.3e-3*(Ingestão_de_Calorias-Gasto_de_Calorias).

ou em gramas

Massa(k)=Massa(k-1)+0.13*(Ingestão_de_Calorias-Gasto_de_Calorias).

Eu venho emagrecendo a uma taxa de 1 kg/semana, sendo que nas duas primeiras semanas eu só mudei a dieta. O que quer dizer que diminuí  7700 Calorias em minha dieta semanal. Isso quer dizer que eu retirei, na primeira semana, 1100 Calorias por dia da minha dieta (ou seja consumia 2500 Calorias/dia). Suspeito que o corte de açúcar tenha sido o que resolveu o problema: 1 colher de chá tem 20 Calorias. Eu tomava café com duas colheres, cerca de 10 vezes ao dia (isto dá 400 Calorias).

Como a situação vai evoluir? Eu não sei, mas fiz algumas simulações.
  • Se eu mantiver uma diferença diária de 1100 Calorias entre o que consumo e gasto, então em 46 semanas estarei com 73 quilos. Pelo que vi isto pode ser feito reduzindo o consumo e aumentando os exercícios. O problema é que por essa lógica ao final de 46 semanas terei de correr 18 km/dia, ou fazendo 4 horas de caminhadas.
  • Se eu mantiver uma dieta constante, com exercícios, de 2400 Calorias, eu só chegarei neste resultado ao fim de 120 semanas (o que são 2.4 anos). 
  • Se mantiver uma dieta de 2400 Calorias com exercício constante (5 dias por semana@ 170 Calorias/exercício) irei levar 77 semanas (1.5 anos).
  • Se mantiver uma dieta de 2400 Calorias e dobrar o gasto calórico nos exercícios irei levar 61 semanas (1.2 anos).
Bem, como dá para ver, esta parte eu ainda não pensei direito..
É complicada esta situação. Estou me transformando em um contador de calorias.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Papel e Sabonete na UnB

Caros leitores, trago hoje notícias inacreditáveis: a UnB agora tem papel e sabonete nos seus banheiros.
Para os que não conhecem a UnB pode parecer piada. Mas não é. Desde os meus tempos de aluno aqui não se conseguia isso aqui (e já vão mais de vinte anos).

Aliás, esta vitória pertence ao DCE da UnB. Até aonde sei é a primeira gestão que conseguiu alguma coisa nessa sentido na UnB.

Curiosamente, quando esta gestão do DCE foi eleita tivemos esta manifestação aqui.

Adivinhe por que este pessoal está gritando "Não nos representa, não!". Tem análises aqui, aqui, aqui, aquiaqui.

Coisas que Mentimos para Nós Mesmos - 25

O leitor deve ter visto na internet ou em outros meios de comunicação sobre decisões judiciais que determinam a responsabilidade de determinados eventos à empresa ou equivalente que prestavam um serviço no local.

Será que isto é uma boa idéia?

Pense com cuidado...

Caso em questão: a indenização à herdeiros por um crime ocorrido no estacionamento de um hipermercado. O caso era esse, até o julgamento atual:
A cliente e a filha entraram no estacionamento por volta das 19h do dia 29 de julho de 1995 e, quando saíram do carro, foram abordadas por um homem armado. Ele mandou mãe e filha entrarem no carro, ocupou o banco traseiro e ordenou que saíssem do estabelecimento. Eles rodaram até as proximidades do Morumbi, onde Ricardo tentou estuprar a mulher, morta com três tiros ao reagir. 
A defesa dos filhos da vítima entrou com ação por danos morais e materiais contra o estabelecimento. O pedido foi baseado na existência de responsabilidade subjetiva do hipermercado, porque o serviço de segurança foi mal prestado. Daí estariam caracterizados o vício de qualidade de serviço, a culpa na vigilância e a culpa na eleição dos vigias. A responsabilidade também foi apontada como derivada do risco e periculosidade inerente que o serviço de estacionamento prestado pelo hipermercado causa à integridade física dos consumidores que dele se utilizam e que nutrem legítima expectativa de segurança. 
O juiz de primeira instância julgou a ação improcedente. Considerou que, no caso, incidia a excludente de força maior e, por isso, o hipermercado não poderia ser responsabilizado. No entanto, a decisão foi reformada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, onde a responsabilidade objetiva e subjetiva do estabelecimento foram reconhecidas. 
O julgamento atual decidiu:
Em seu voto, o relator do caso na Segunda Seção, ministro Luis Felipe Salomão, afirmou que a decisão da Turma adotou como premissa que a responsabilidade civil do fornecedor de serviços, por previsão expressa no CDC, é objetiva. Assim, “ocorrida a falha de segurança do hipermercado, com o consequente dano para o consumidor ou sua família, a responsabilização do fornecedor se impõe”, já que o hipermercado “se diferencia dos centros comerciais tradicionais pelo adicional de segurança que oferece”. 
O ministro destacou o entendimento consolidado na jurisprudência e sedimentado na Súmula 130 do STJ, no sentido de que “a empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorrido em seu estacionamento”. 
Segundo Salomão, as situações fáticas apresentadas pela defesa são diversas da tratada na decisão da Terceira Turma. Nesta em que a incidência da excludente de responsabilidade no caso de assalto à mão armada que teve seu início dentro de estacionamento coberto de hipermercado, com morte da vítima ocorrida fora do estabelecimento comercial, em ato contínuo, foi afastada pelo fato de que o hipermercado, “ao oferecer ao consumidor o estacionamento, assume o dever de guarda e conservação dos veículos estacionados no parque”. 
Muito bem, e se o mesmo acontecesse no estacionamento de um ministério, cartório, ou tribunal? Ou no estacionamento de um monumento público? Ou em um aeroporto? Ou no estacionamento de uma instituição federal de ensino?

Não há segurança providos pelo Estado? Mas não é função do Estado prover segurança? E se for no estacionamento de uma delegacia?

O problema, é claro, não é a condenação em si. O problema são as ramificações deste tipo de acontecimento (que é muito menos incomum do que se pensa - vide aqui, aqui e aqui). O problema pode ser sumarizado com a súmula 130 do STJ.

Parece bastante lógico, não? Sim, até você perceber que o estabelecimento comercial irá ter de arcar com o custo de eventuais crimes em seus estacionamentos. Isto só pode ser feito de duas maneiras: cobrar o estacionamento, ou embutir estes custos estimados em seus produtos. Claro que para minimizar as perdas, os estabelecimentos podem eventualmente contratar seguranças, ou mesmo esquemas especiais que diminuam as chances de isto ocorrer.

Mas não saí de graça. Nada saí de graça - esta é uma lição que todos deveriam aprender. E antes de finalizar: a súmula é anterior à onda de cobrança de estacionamento em estabelecimentos comerciais. Pode ser que não seja o elemento que desencadeou a onda, mas certamente não atrapalhou.

domingo, 13 de maio de 2012

Tarzan - Homem das Selvas

Hoje trago a série clássica da televisão: Tarzan.

A série passou no Brasil nas décadas de 60-70. O ator que fez o papel-título foi Ron Ely. Aqui temos a dublagem clássica

E sim, aquelas são as cataratas do Iguaçu mesmo.

sábado, 12 de maio de 2012

Pequenas Pérolas do Cinema - 59

Trago hoje outro clássico de outros tempos: El Cid.

Trata-se da versão cinematográfica romanceada de Rodrigo Diaz de Vivar - El Cid Campeador (O mestre das  artes militares, Cid é a versão andaluz para a palavra árabe Sayyid). A história é muito bem contada e aparentemente baseada no poema Cantar de Mio Cid (uma versão em inglês está aqui).

Dessa vez eu trago o filme completo

Tenho impressão que além do filme, teve um desenho animado.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Chico Picadinho

Creio que a maioria dos leitores não sabe quem é Chico Picadinho.
Ora bolas, aposto que a maioria acha que o Bandido da Luz Vermelha é apenas o personagem de um filme.
Bem, Chico Picadinho está na prisão desde 1976. Em tese já deveria ter sido libertado.

O problema é que ele aparenta ser um psicopata (ou então um cara inacreditavelmente azarado). E aí a porca torce o rabo....

Ele já foi solto uma vez em 1974, e depois de 2 anos já tinha matado novamente. Da mesma forma. Então o que fazer?

Se o caso do bandido da luz vermelha for alguma indicação, então existe motivo para apreensão. Pouco depois que foi solto, João Acácio tentou matar novamente e acabou morto. Esse é o problema com psicopatas: reabilitação não costuma funcionar. A romantização do psicopata não ajuda em quase nada.

Então, vem a pergunta que eu queria fazer: se você fosse o juiz, soltaria Chico Picadinho?

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Comendo Menos Porcaria

Quer comer alguma coisa? E em fast-food?

De volta a paranóia dietária que me encontro vou dando umas dicas de escolhas alimentícias menos ignorantes. Até mesmo em fast-food
  • Pizza-Hut? Melhores opçoes: massa fininha e Portuguesa (136 Calorias/fatia). Melhor ainda: evite o mais que possível os tamanhos médio (182 Calorias/fatia) e grande (169 Calorias/fatia). Caso não dê pode ir na de Pepperoni (145 Calorias/fatia), mas mantenha tamanho pequeno e massa fininha.
  • China in Box? Melhores opções: Saladas pequenas (Camarão - 174 Calorias, Especial 190 Calorias) e nada de molho. Esqueça o Yakissoba (mais de 600 Calorias), mas pode ir no Yakimeshi Júnior (332 Calorias). Minha sugestão pessoal é o Risoto da China Júnior (376 Calorias). Bizarramente, a disputa entre o Frango Xadrez Executivo Júnior (508 Calorias) e o Frango Empanado Executivo Júnior (431 Calorias) termina bem para o último. Mas cuidado: Cada Rolinho Primavera são 105 Calorias
  • McDonald´s? A melhor opção é a Salada Premium com 104 Calorias. Quer um sanduiche de qualquer jeito? Então vá de Hamburger (245 Calorias). Entre McFritas (206 Calorias), Cenouritas (16 Calorias) e Saladas (8 Calorias), vá de salada. Refrigerante, só se for zero mesmo.
  • Habib's? Pode ir no Bib´sfiha de Carne (130 Cal) ou uma fatia de Pizza a moda da Casa (120 Cal). Se quiser mesmo comer carne, pode ir em um Kibe Frito (152 Cal). A idéia de comer uma Bib´sfiha de Frango (158 Cal) ou de Queijo (149 Cal)não é tão boa assim. Fique longe da Coalhada (314 Cal), Homus (360 Cal) e do Beirute (804 Cal).
  • Burguer King? O Burger é a opção mais leve com 280 Calorias. É preferível também 1 Chicken Fries 6 Unidades (189 Cal) a 1 Batata Frita  Pequena (201Cal). Em compensação, a salada Delight (175 Cal) parecer ser uma excelente opção, mesmo com Frango Grelhado (259 Cal).
  • Giraffa´s? Vá de a salada de camarão (189 Cal) ou um Brasileirinho Peito de Frango (140 Cal). Pode ir também no Frango Grill (166 Cal). Mas olho nos acompanhamentos.
  • Skys? Pode ir no Frango Salada (259 Cal), Hamburger (261 Cal) ou Misto Quente (180 Cal). Mas melhor mesmo são os Crepes: Misto (85 Cal) ou Queijo (120 Cal). Sucos só sem açucar.
Claro que esta lista só leva em contas as Calorias. Isto por si só não é suficiente. É necessário também verificar sobre as demais necessidades diárias de Carboidratos, Sódio e outros. Não é o caso de exagerar, mas é necessário ter uma certa atenção. Em posts futuros vou mais a fundo nesta questão das necessidades diárias.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

A Coragem de Dizer o que Ninguém quer Escutar

Estou vendo a votação sobre cotas no STF. O que vi foram magistrados jogando para a arquibancada. Quer ver alguém que não está jogando para arquibancada? Veja isto então.

Mas, como já disse em um post anterior, se o meu modelo mental da estrutura étnica do país tem ressonância com a realidade então os efeitos (positivos e negativos) das cotas acabam sendo diluídos com o tempo. Portanto, no fundo ser contra ou a favor tem muito pouco efeito no longo prazo.

Mas o meu ponto é outro: eu já tinha percebido em outras áreas (em particular aqui na UnB), mas vejo que é comum a carência de pessoas que defendem os pontos de vista impopulares. E algumas vezes, os mesmos são mais do que pontos de vista: são mesmo verdades desagradáveis.

Então este post é justamente um "tip of the hat" para estas pessoas.
E aproveito para falar uma verdade desagradável: aqui na UnB, para se eximir de eventual culpabilidade, os professores disseram que a crise de 2008 poderia ter sido evitada se não houvesse falta de atuação dos conselhos superiores.

Isso não é verdade. É apenas desculpa - mas já virou "verdade". Nesse caso fica mais fácil os professores dizerem que não tiveram culpa, não foram ouvidos, ou a melhor frase de todas "se-eu-tivesse-essa-informação-certamente-eu-teria-impedido-isto".

Apenas uma mentira confortável... E daí foi um passo partir para a condenação sem julgamento.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Quando Canta o Preconceito

Li há pouco tempo um post em um blog que me surpreendeu bastante.


Minha surpresa não é a mesma relatada pela blogueira.


Minha surpresa é com a reação da blogueira.


Talvez seja melhor copiar o texto, apenas destacando as partes que considero relevantes.
Um ano atrás, Valérie me pediu que lhe ensinasse português. Ela tinha sido despedida de uma multinacional do petróleo que tinha negócios em Angola e estava persuadida que se aprendesse português teria seu emprego de volta.
Aos 49 anos, e nenhum diploma além do segundo grau completo, ela conseguira fazer carreira na empresa em uma época em que os empregos abundavam na França e que para conseguir ser secretária era necessário apenas falar algumas palavras de inglês.
Durante o tempo que nos vimos, ela me contou sua história. Vinha de uma família simples, pai eletricista, mãe dona de casa. Namorara, no passado, um brasileiro, um cantor que vivia ilegalmente na França. E que ela não titubeara em acolher em sua casa.
Valérie estava apaixonada por seu ex-chefe colombiano. Dizia que os homens latinos eram mais gentis que os franceses. Mas também me disse que a França acolhia muitos imigrantes. Ela não sabia muito bem porquê, mas não achava isso bom.

Aqui temos a velha questão da imigração nos países desenvolvidos. No fundo, trata-se da tática de culpar "o diferente" pelos problemas do país. Naturalmente é tolice, mas por motivos históricos esta bandeira é apropriada ora pela direita, ora pela esquerda. O tal nacionalismo tem raízes não muito distintas.

Uma vez eu a ajudei a instalar um aplicativo em seu smartphone e ela ficou tão agradecida que me fez um bolo e tricotou uma echarpe verde para mim.
Com o tempo, Valérie entendeu que não conseguiria seu velho emprego de volta, muito menos um novo. Ela me confessou, com muita vergonha, que não tinha mais dinheiro para pagar as prestações do apartamento e as contas do supermercado, por isso tinha que voltar a viver com os pais. No domingo passado Valérie votou em Marine Le Pen, a candidata do partido de extrema-direita Frente Nacional, que conseguiu nesta eleição presidencial um recorde de votos na história do partido na França.
Quando perguntei porquê, ela disse que estava cansada, que queria voltar a ter um emprego e não depender da caridade dos pais já velhos. Quando perguntei pelos imigrantes, ela disse que não tinha nada contra mim, mas que os estrangeiros na França viviam melhor que ela.

Mais uma vez é a velha xenofobia falando mais alto. Pessoalmente, acredito que em uma sociedade mista este problema não deveria surgir, mas na medida que a sociedade finge ser mista, ele só aumenta. O problema é que a estratégia da xenofobia costuma ser usada com sucesso por políticos (tanto de direita, quanto de esquerda)

Claro que fiquei triste em saber que minha ex-aluna e amiga tinha votado em um partido extremista e xenófobo. Mas Valérie é uma representante desta França empobrecida, abandonada e em crise. O inimigo dela não é real ou tangível, é um tal de multiculturalismo liberal, que ao mesmo tempo é muito complexo para sua capacidade de compreensão do mundo.

Aqui temos o primeiro problema: nomear um inimigo. Pela minha experiência compreensão do mundo exige não só contato com outras nacionalidade no seu país, mas que você também seja um estrangeiro em outro país. Hoje, esta experiência de visão do mundo vem sendo gradualmente disseminada. Mas é pedir demais que todas as pessoas que nunca tiveram esta experiência se relacionem com o mesmo conjunto de idéias com as que tiveram.


Tem que lembrar que a menos de 100 anos, os países vizinhos da Europa tinham este relacionamento desconfiado entre si.
Ela não é fascista por opção ideológica e sim por desespero e de modo inconsciente.

Aqui tem que deixar claro: não é por votar em Marine Le Pen, que a Valérie virou fascista. Votar em um partido de direita não transforma ninguém em racista ou fascista, do mesmo modo que votar em um partido de esquerda não transforma ninguém em comunista. O que acontece é que o partido de direita está mais sintonizado com ela do que os de esquerda. Isso não transforma ninguém em santo ou demônio.

A priori, a blogueira não está mais relatando sobre Valérie, mas sobre si mesma. Aparentemente, a blogueira acha uma tristeza em votar em alguém que não é de esquerda. Por que? Eu tenho minhas suspeitas, e creio que o próximo parágrafo esclarece esta questão.

Mas foram pessoas como ela que apoiaram os regimes mais sanguinários da terra. O voto de Valérie no domingo passado ainda deve fazer muitos estragos.


Aqui está o cerne da questão: na visão da blogueira os regimes mais sanguinários da terra foram apoiados por pessoas como Valérie. De modo indireto, a blogueira diz que os regimes de direita tendem a ser ruins, malvados e sanguinários.


Mas de modo algum isso é exclusividade de regimes de direita. Os regimes de esquerda também podem ser ruins, malvados e sanguinários. Aliás, número por número é até possível que os de esquerda sejam mais sanguinários.


E aí vem a pergunta: quem vota na direita é mau, iludido ou simplesmente burro (como parece relatar, com certa delicadeza, a pessoa de Valérie)?


Não, não são. E esquecer disso é julgar as pessoas com preconceito.


A blogueira evidentemente não percebe, mas é ela quem é a preconceituosa na história relatada.