quinta-feira, 29 de abril de 2010

Perfil dos eleitorado para presidente 2010

Com auxílio de Bayes foi possível discriminar o eleitorado de cada candidato:

Serra
  • 46% dos eleitores tem ensino fundamental, 41% tem ensino médio e 13% tem ensino superior
  • 26% dos eleitores tem entre 16-24 anos, 22% entre 25-34 anos, 18% entre 35-44 anos, 19% entre 45-59 anos e 13% tem 60 ou mais
  • 48% dos eleitores ganha até 2 salários, 35% ganha entre 2 e 6 salários, 10% entre 6 e 10 salários e 4% acima de 10 salários
Dilma
  • 42% dos eleitores tem ensino fundamental, 42% tem ensino médio e 15% tem ensino superior
  • 22% dos eleitores tem entre 16-24 anos, 25% entre 25-34 anos, 23% entre 35-44 anos, 18% entre 45-59 anos e 10% tem 60 ou mais
  • 46% dos eleitores ganha até 2 salários, 35% ganha entre 2 e 6 salários, 12% entre 6 e 10 salários e 4% acima de 10 salários
Marina
  • 37% dos eleitores tem ensino fundamental, 44% tem ensino médio e 21% tem ensino superior
  • 29% dos eleitores tem entre 16-24 anos, 24% entre 25-34 anos, 18% entre 35-44 anos, 17% entre 45-59 anos e 11% tem 60 ou mais
  • 36% dos eleitores ganha até 2 salários, 32% ganha entre 2 e 6 salários, 8% entre 6 e 10 salários e 5% acima de 10 salários
Brancos e Nulos
  • 45% dos eleitores tem ensino fundamental, 41% tem ensino médio e 12% tem ensino superior
  • 18% dos eleitores tem entre 16-24 anos, 20% entre 25-34 anos, 22% entre 35-44 anos, 23% entre 45-59 anos e 11% tem 60 ou mais
  • 42% dos eleitores ganha até 2 salários, 30% ganha entre 2 e 6 salários,7.5% entre 6 e 10 salários e 2% acima de 10 salários
Não sabe
  • 67% dos eleitores tem ensino fundamental, 30% tem ensino médio e 7% tem ensino superior
  • 25% dos eleitores tem entre 16-24 anos, 17% entre 25-34 anos, 17% entre 35-44 anos, 16% entre 45-59 anos e 26% tem 60 ou mais
  • 66% dos eleitores ganha até 2 salários, 26% ganha entre 2 e 6 salários, 5% entre 6 e 10 salários e 1.4% acima de 10 salários
Qual é a conclusão? A maioria dos votos de indecisos está entre os eleitores que ganham até 2 salários mínimos, com ensino fundamental.

Análise

Marina tem pouca penetração com eleitores com educação fundamental, tendo maior penetração em eleitores de níveis superior. Já Serra tem maior penetração com eleitores com educação fundamental e pouca penetração com eleitores com educação superior


Quem tem maior penetração no grupo com faixa etária de 16 a 24 anos é Marina. Já na faixa de 25-34 é Dilma e por fim Serra tem maior penetração no grupo de 45 a 59 anos.


Serra tem representatividade em todas as faixas salariais (sendo a maior penetração entre os candidatos no segmento até 2 salários mínimos). Dilma possui maior penetração nas faixas de 6 a 10 salários mínimos, enquanto Marina possui maior penetração no segmento de mais de 10 salários mínimos.

Bayes e pesquisas

Uma das pesquisas DATAFOLHA que usei para calcular as probabilidades condicionais tem uma tabela exclusiva sobre a amostra, partidos, renda, idade e escolaridade.

Em vista disto resolvi fazer um pequeno exercício de probabilidade condicional para calcular quem apoia partidos e o presidente Lula - ou seja traçar um perfil. E, como no caso anterior, é aqui que Bayes mostra toda sua beleza.

Então vamos partir das amostras. Para simplificar vou colocar as coisas em termos de probabilidades.

p(ensino fundamental)=0.45
p(ensino médio)=0.41
p(ensino superior)=0.14

p(Lula bom)=0.76
p(Lula neutro)=0.2
p(Lula ruim)=0.04

p(ensino fundamental | Lula bom) = 0.47
p(ensino fundamental |Lula neutro) = 0.4
p(ensino fundamental |Lula ruim) =0.4

Para calcularmos a probabilidade de uma pessoa ter uma avaliação boa de Lula, dado que tem apenas ensino fundamentel é dada por:

p(Lula bom | ensino fundamental) = p(ensino fundamental | Lula bom)*p(Lula bom)/p(ensino fundamental)

portanto p(Lula bom | ensino fundamental) = 0.47*0.76/0.45 =0.72

A avaliação de Lula com pessoas com ensino fundamental é a seguinte:

79% acham seu governo bom
18% acham seu governo neutro
3% acham seu governo ruim

No caso do ensino médio teremos:

74% acham seu governo bom

21% acham seu governo neutro
5% acham seu governo ruim

No caso do ensino superior teremos:

71% acham seu governo bom

24% acham seu governo neutro
5% acham seu governo ruim

Qual a conclusão? Os grandes admiradores do presidente Lula estão justamente entre os que tem menos escolaridade.

A faixa etária tambéma auxilia a determinação do perfil. Com relação a faixa de 16 até 24 anos temos o seguinte perfil:

72% acham o governo bom
22% acham o governo neutro
4% acham o governo ruim

Na faixa de 25 a 34 anos temos:

79% acham o governo bom
18% acham o governo neutro
3% acham o governo ruim

Na faixa de 35 a 44 anos temos:

76% acham o governo bom

18% acham o governo neutro
4% acham o governo ruim

Na faixa de 45 a 59 anos temos:

76% acham o governo bom

20% acham o governo neutro
4% acham o governo ruim

Na faixa de mais de 60 anos temos praticamente a mesma coisa. Então vejam que a popularidade de Lula é sobe mais na faixa de 25 a 24 anos. A região mais baixa é na faixa de 16 até 24 anos.

Por fim, vamos ver como é a popularidade de Lula com relação à renda mensal:

Na faixa de renda mensal menor do que R$ 1.020,00, temos que 79% acham o governo bom, 18% acham o governo neutro e 3% acham o governo ruim. Já na faixa de R$ 1.021,00 até R$ 1.530,00, temos que 76% acham o governo bom, 21% acham o governo neutro e 3% acham o governo ruim. Na faixa de R$1.531,00 até R2.550,00, temos que 71% acham o governo bom, 22% acham neutro e 3% acham ruim. Nas faixas seguintes a avaliação é similar à média, com exceção da mais alta. Nesta faixa o percentual de pessoas que acham o governo ruim chega a 20%.

Então o que aprendemos deste exercício do uso de Bayes?

O eleitorado que tem a avaliação mais positiva do governo tem as seguintes características:
  • Ensino fundamental
  • Faixa etária de 25 a 34 anos
  • Redimentos de até R$ 1.020,00
O eleitorado que a avaliação mais negativa do governo tem as seguintes características:
  • Ensino superior
  • Faixa etária de 16 a 24 anos
  • Rendimentos de R$ 10.201,00 até R$ 25.500,00
Interessante não?

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Pesquisas para Presidente e Bayes - parte IV

Agora é que o teorema de Bayes realmente pode brilhar. Vamos analisar a composição do eleitorado de cada candidato. A idéia é calcular a probabilidade de uma determinada avaliação dado que o o voto é do candidato:

Dilma
  • p(governo Lula positivo | vota Dilma) = 0.33*0.76/0.2708 = 0.926 (92.6%)
  • p(governo Lula neutro | vota Dilma) = 0.09*0.2/0.2708 = 0.066 (6.7%)
  • p(governo Lula negativo | vota Dilma) = 0.05*0.05/0.2708 = 0.007 (0.7%)
O que isto quer dizer? Que cerca de 93% do eleitorado de Dilma acha o governo Lula positivo. Já quem acha o governo Lula negativo praticamente não vota em Dilma.

Serra

Neste caso eu vou evitar as contas mas posso sumarizar da seguinte forma:
  • 67% do eleitorado de Serra acha o governo Lula positivo
  • 28% do eleitorado de Serra acha o governo Lula neutro
  • 5% do eleitorado de Serra acha o governo Lula ruim
Isto pode parecer uma surpresa para muitos, mas pela análise de Bayes um percentual significativo do eleitorado de Serra não acha o governo Lula ruim. Isto indica que uma estratégia de ataque ao governo poderá provavelmente reduzir a base de apoio de Serra.

Ciro

Apesar dele não estar mais na corrida eleitoral, os dados que tenho são interessantes:
  • 78% do eleitorado de Ciro acha o governo Lula positivo
  • 19% do eleitorado de Ciro acha o governo Lula neutro
  • 3% do eleitorado de Ciro acha o governo Lula ruim
Marina

No caso de Marina, os dados são os seguintes:
  • 68% do eleitorado de Marina acha o governo Lula positivo
  • 26% do eleitorado de Marina acha o governo Lula neutro
  • 6% do eleitorado de Marina acha o governo Lula ruim
Agora vamos aos grandes X´s das questões

Brancos

Os votos brancos e nulos seguem mais ou menos o perfil de popularidade de Lula
  • 78% dos votos brancos ou nulos acha o governo Lula positivo
  • 20% dos votos brancos ou nulos acha o governo Lula neutro
  • 2% dos votos brancos ou nulos acha o governo Lula ruim
E por fim os que não sabem:
  • 63% dos que não sabem acham o governo Lula positivo
  • 25% dos que não sabem acham o governo Lula neutro
  • 12% dos que não sabem acham o governo Lula ruim
Ou seja: atacar o presidente Lula é estratégia ruim na conjuntura atual dos números. Faz mais sentido realçar as boas contribuições e colocar de modo claro quais seriam as alterações e melhorias que seriam realizadas durante o futuro mandato.

É Bayes ditando estratégias...

Pesquisas para Presidente e Bayes - parte III

E o que acontece sem Ciro?

Usando Bayes podemos colocar os resultados tabulados:
Candidata Dilma: 30%
Candidato Serra: 41%
Candidata Marina: 12%
Brancos e Nulos: 8%
Não sabem: 8%

E como isto fica em comparação com os dados de pesquisas eleitorais? Este link tem os dados tabulados, mas podemos pegar os últimos valores:

Candidata Dilma: 30%
Candidato Serra: 42%
Candidata Marina: 12%
Brancos e Nulos e não sabem: 16%

Agora para verificar direitinho é necessário ver quais são as discrepâncias com os resultados dos outros institutos de pesquisa

Pesquisas para Presidente e Bayes - parte II

Como disse antes no outro post, os cálculos considerando Bayes na eleição precisam de mais esforço. Então vou tentar coloca-los em uma forma mais ou menos clara a partir do que temos.

Para começar precisamos da taxa de aprovação de Lula. Neste caso, estas taxas seriam o equivalente a probabilidades, e estas a chance que um eleitor escolhido ao acaso aprovasse Lula. No caso temos uma pesquisa do datafolha que indica:

76% consideram o governo ótimo ou bom
20% consideram o governo regular
4% consideram o governo ruim ou péssimo

Assim poderíamos dividir o governo em duas parcelas:

96% consideram o governo pelo menos razoável
4% consideram o governo menos do que razoável

Neste caso poderíamos associar as probabilidades:

p(governo Lula positivo) = 0.76
p(governo Lula neutro) = 0.20
p(governo Lula ruim) = 0.04

No caso teríamos por Bayes a votação do candidato A:

p(vota em A) = p(vota A | governo Lula positivo) * p(governo Lula positivo) + p(vota A | governo Lula neutro) * p(governo Lula neutro) + p(vota A | governo Lula ruim) * p(governo Lula ruim)
 
Os termos p(vota A | governo Lula positivo) pode ser considerada a transferência de votos do governo Lula para o candidato A.
 
A determinação destas probabilidades é que é bastante complicada. Mas segundo uma pesquisa CNT-Sensus, temos os seguintes percentuais de transferência:
 
24.7% afirmam que votariam apenas no candidato de Lula
36.9% afirmam que poderiam votar no candidato de Lula
19.3% afirmam que não votariam no candidato de Lula
 
Mas por outro lado, temos uma pesquisa Datafolha que permite mais informação:
 
Dos que avaliam o governo Lula como positivo:

32% votam em Serra
33% votam em Dilma
11% votam em Ciro
7% votam em Marina
11% votam em Branco ou Nula
6% não sabem
 
Dos que avaliam o governo Lula como neutro:
51% votam em Serra
9% votam em Dilma
10% votam em Ciro
10% votam em Marina
11% votam em Branco ou Nula
9% não sabem

Dos que avaliam o governo Lula como ruim:
48% votam em Serra
5% votam em Dilma
8% votam em Ciro
11% votam em Marina
5% votam em Branco ou Nula
22% não sabem

Com estes dados finalmente é possível traçar um perfil e verificar se o mesmo está compatível com as pesquisas:

Dilma:
p(vota em Dilma) = p(vota Dilma | governo Lula positivo) * p(governo Lula positivo) + p(vota Dilma |governo Lula neutro) * p(governo Lula neutro) + p(vota Dilma | governo Lula ruim) * p(governo Lula ruim)
= 0.33*0.76+0.09*0.20+0.05*0.04 = 0.2708

Serra:

p(vota em Serra) = p(vota Serra | governo Lula positivo) * p(governo Lula positivo) + p(vota Serra | governo Lula neutro) * p(governo Lula neutro) + p(vota Serra | governo Lula ruim) * p(governo Lula ruim)
= 0.32*0.76+0.51*0.20+0.48*0.04 = 0.3644

Ciro:
p(vota em Ciro) = p(vota Ciro | governo Lula positivo) * p(governo Lula positivo) + p(vota Ciro | governo Lula neutro) * p(governo Lula neutro) + p(vota Ciro | governo Lula ruim) * p(governo Lula ruim)
= 0.11*0.76+0.10*0.20+0.08*0.04 = 0.1068

Marina:

p(vota Marina) = p(vota Marina | governo Lula positivo) * p(governo Lula positivo) + p(vota Marina | governo Lula neutro) * p(governo Lula neutro) + p(vota Marina | governo Lula ruim)
= 0.07*0.76+0.10*0.20+0.11*0.04 = 0.0776

Por fim o caso dos brancos ou nulos:

p(brancos ou nulos) = 0.11*0.76+0.11*0.20+0.05*0.04 = 0.1076

e o caso dos que não sabem:

p(não sabem) = 0.06*0.76+0.09*0.20+0.22*0.04 = 0.0724

Então podemos colocar os resultados tabulados:

Candidata Dilma: 27%
Candidato Serra: 36%
Candidato Ciro: 11%
Candidata Marina: 8%
Brancos e Nulos: 11%
Não sabem: 7%

E como isto fica em comparação com os dados de pesquisas eleitorais? Este blog tem os dados tabulados, mas podemos pegar os últimos valores:

Candidata Dilma: 29%
Candidato Serra: 36%
Candidato Ciro: 8%
Candidata Marina: 8%
Brancos e Nulos e não sabem: 19%

Como se vê, os resultados de Serra, Dilma, Marina e Brancos, Nulos e Não sabem são extremamente próximos (dentro da margem percentual de 2 pontos). Já o de Ciro aparenta estar mais ou menos próximos porém fora das margens percentuais.

A parte interessante desta forma de calcular é que é possível estimar efeitos que as pesquisas não conseguem determinar de modo claro.

Por exemplo: o que acontece com a votação de Dilma se pessoas que avaliam o governo Lula como positivo transferirem 10 pontos percentuais de Serra para ela? Com a fórmula é simples:

p(voto Dilma) = 0.43*0.76+0.09*0.20+0.05*0.04 = 0.3468

e Serra?

p(voto Serra) = 0.22*0.76+0.51*0.20+0.48*0.04 = 0.2884

Outro exemplo: o que acontece com a votação de Dilma se cairem 10 pontos na avaliação do governo Lula como positiva? Com a fórmula é simples:

p(voto Dilma) = 0.33*0.66+0.09*0.30+0.05*0.04 = 0.2468

e Serra?

p(voto Serra) = 0.32*0.66+0.51*0.30+0.48*0.04 = 0.3834

E esta ferramenta é muito mais poderosa que as que estão disponíveis na mídia.

Pesquisas para Presidente e Bayes - parte I

Uma certa celeuma corre na internet devido as diferenças entre as pesquisas da Sensus e Datafolha:

O jornal “Folha de S. Paulo” questionou o instituto Sensus sobre a ordem das perguntas nos questionários de pesquisas. O Sensus pede que o entrevistado avalie o governo Lula antes de declarar em quem pretende votar para presidente. Segundo o jornal, críticos do método dizem que dada a alta aprovação de Lula, o entrevistado poderia se sentir compelido a declarar voto na candidata petista.

Ricardo Guedes, sócio e diretor do Sensus, afirma que o questionário seguiu "critérios acadêmicos". "A metodologia que a gente usa é academicamente legítima, com suporte na literatura," disse ele ao jornal. A Folha lembra que os institutos Datafolha e Ibope abrem a pesquisa perguntando em quem o eleitor pretende votar para presidente, para depois pedir que ele avalie o governo.

Será que pode existir uma explicação para a grande diferença entre os dois resultados?

Sim, o teorema de Bayes

Se existirem apenas duas candidaturas (Dilma e Serra), temos de levar em consideração que está no governo o presidente Lula. E ele influencia como é o voto.

Vamos ao caso geral:

p(voto em Dilma)=p(voto em Dilma | gosta de Lula)*P(gosta de Lula)+P(voto em Dilma| não gosta de Lula)*P(não gosta de Lula)

p(voto em Serra)=p(voto em Serra | gosta de Lula)*P(gosta de Lula)+P(voto em Serra | não gosta de Lula)*P(gosta de Lula)

Ora, perceba que se Lula não for um fator então a conta se reduz a:

p(X) = p(X)*p(Y)+p(X)*p(não Y)= p(X)

Mas se colocarmos alguns números, como por exemplo a popularidade de Lula, teremos:

p(gosta de Lula) = 0.76
p(não gosta de Lula) =0.24

Além disto temos a probabilidade (tirada da transferência de votos):

p(vota em Dilma | que gosta de Lula) = 0.42
p(vota em Outro | que não gosta de Lula) = 0.23

Do Teorema de Bayes sabemos que:

P(gosta de Lula | que vota em Dilma)=P(vota em Dilma | gosta do Lula)*P(gosta do Lula)/P(vota em Dilma)

ou
P(gosta de Lula | que vota em Dilma)*P(vota em Dilma)=P(vota em Dilma | gosta do Lula)*P(gosta do Lula)

Então

P(gosta de Lula | que vota em Dilma) *P(vota em Dilma)= 0.42*0.76 = 0.32
P(gosta de Lula | que vota em Outro) *P(vota em Outro)=0.58*0.76 = 0.44
Bem, para sabermos quanto é que teremos de p(vota em Dilma) teriámos:
p(voto em Dilma)=0.32+P(voto em Dilma| não gosta de Lula)*0.24

Estimar então quanto é P(voto em Dilma | não gosta do Lula) é dificil, mas provavelmente é um valor menor que 10%. O que daria a Dilma algo como 34.4% das intenções de voto
Eu estou achando isto interessante, mas muito complicado. Vou tentar colocar as coisas de modo mais claro em um post futuro

terça-feira, 27 de abril de 2010

URP e probabilidades

Pelo que li do julgamento dos funcionários, a decisão depende do voto de três desembargadores. Para ver o que pode acontecer, vamos supor uma probabilidade de 50% de votar sim ou não.

Juiz 1 Juiz 2 Juiz 3 (1/2 x 1/2 x 1/2) =1/8


1) SIM  SIM  SIM
2) SIM  SIM  NÃO
3) SIM NÃO SIM
4) SIM NÃO NÃO
5) NÃO SIM SIM
6) NÃO SIM NÃO
7) NÃO NÃO SIM
8) NÃO NÃO NÃO

São favoráveis os itens 1, 2, 3 e 5 (ou seja 4 x 1/8 = 1/2). Isto significa que há 50% de chances de sair positivo e 50% de chances de sair negativo

Mas tivemos o voto negativo de uma desembargadora. Então agora temos os itens 5 até 8 de possibilidade

É favorável o item 5, sendo desfavoráveis todos os restantes. Isto quer dizer:

Juiz 1 Juiz 2 Juiz 3 (1 x 1/2 x 1/2)

5) NÃO SIM SIM
6) NÃO SIM NÃO
7) NÃO NÃO SIM
8) NÃO NÃO NÃO

Como das 4 possibilidades temos três desfavoráveis, então a chance de vitória é de 25% e a de derrota é de 75%.

Mas já que estamos neste ponto, vamos dizer que o juiz 2 (que pediu vistas ao processo), tem 75% de chance de dizer sim e 25% de chance de dizer não. Já o juiz 3 tem 50% de dizer sim ou não.

Neste caso temos:

5) NÃO SIM SIM (1 x 3/4 x 1/2 = 3/8)
6) NÃO SIM NÃO (1 x 3/4 x 1/2 = 3/8)
7) NÃO NÃO SIM (1 x 1/4 x 1/2 = 1/8)
8) NÃO NÃO NÃO (1 x 1/4 x 1/2 = 1/8)

Então neste caso ficamos com 37.5% de chance do resultado for positivo e 62.5% de ser negativo. Ou seja ainda assim as chances não são boas. Quanto deve ser a chance para que o juiz 2 mude o fiel da balança?
p x 1/2 = 1/2 ou seja o juiz 2 só muda o fiel da balança se a chance dele ser favorável for de 100%.

A coisa não está muito boa para o lado de ganhar a URP

* POST SCRIPTUM
Pois é, e aconteceu o que as chances indicavam...

Somos Zumbis?

Depois de ler um post muito bom do blog do Ismael comecei a pensar sobre a alegoria do zumbi.

O Zumbi "vive" pela necessidade básica, não raciocina, não planeja - não tem esperança

Ele não é o senhor de sua vida

Bem, na realidade ninguém é senhor da própria vida, apenas tenta conduzi-la da forma que pode. A ilusão do controle pode levar a se pensar que ele realmente é possível. Mas no fundo é isto mesmo, apenas ilusão.

Mesmo assim, vejo a necessidade social sempre em luta com a necessidade individual. Enquanto o zumbi pode ser considerado como um ser que se vale dos grandes números (fator social) para sua "existência", os sobreviventes se valem da sua individualidade para sobrevivência.

Claro que ao mesmo tempo a individualidade fica em estado de tensão permanente com a necessidade de se manter uma coesão social para manutenção do grupo.

Não é exatamente um cada um por si, mas certamente não é um por todos...

Então comecei a pensar na analogia do partido, do culto e da supressão da individualidade.

Ao se nortear a vida por um objetivo maior que si oblitera-se a individualidade. O estado de tensão entre individualidade e coletividade parece ser um motor da existência humana.

Por que? Não sei, mas sinto que isto é importante. É como se fossem duas forças moldando as decisões de cada pessoa.

A individualidade extrema causa dissociação e isolamento.

A coletividade extrema causa morte da personalidade e incapacidade de decisões próprias

Talvez o motor humano esteja parcialmente escrito nestes extremos

segunda-feira, 26 de abril de 2010

O Dilema da Greve

Até aonde vai a greve da UnB?

Qual é a estratégia de saída?

O que acontece após o julgamento do processo?

Estas são perguntas sem resposta. Mas podemos fazer estimativas educadas sobre o que vai acontecer.

Primeiro: até aonde vai a greve da UnB?

R: Pelo menos até a regularização do pagamento. E não foi regularizado ainda. Existe a parcela de férias aonde a URP não foi calculada. Aparentemente, isto significa no mínimo mais algumas semanas de greve. Mas existem outros fatores em jogo:
- o julgamento da URP dos funcionários no TRF
- o julgamento da URP dos professores no STF
Dependendo de como a coisa for, então estas podem ser as datas limites - ou pelo menos pontos de inflexão para greve.

Segundo: qual a estratégia de saída?

R: Não há. Infelizmente, devido a uma série de fatores absolutamente ridículos não existe uma estratégia de saída porque não existe estratégia. Enquanto o sindicato tenta seguir na via judicial minimizando a exposição e risco, o comando de greve tenta seguir na via política maximizando a exposição e o risco. E qual o risco? Bem perder a URP.

Terceiro: o que acontece despois do julgamento do processo?

R: Passa a não existir mais sentido em manter um movimento de greve para a URP. Não há mais chance de retorno e excetuando a chance do executivo resolver extender a URP para todas categorias, não há uma saída viável para o problema. As chances de retorno são grandes mesmo que isto implique em uma cisão no movimento.

A coisa não está indo bem

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Honoráveis Bandidos

Na volta de Natal para Brasília finalizei o livro Honoráveis Bandidos de Palmério Dória

O livro é basicamente uma coleção de achincalhes ao Sarney e todos que o orbitam



Mais um exemplo de literatura panfletária. E só

E olha que nem gosto do Sarney

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Mentes perigosas

Terminei de ler o livro Mentes Perigosas no vôo BsB-Natal.

O livro é interessante, mas sofre de um problema sério: exageros gritantes

Certamente existem psicopatas e outros tipos de  desvios. Mas o problema da banalização é muito sério. Não é todo namorado pilantra, ou amiga falsa que pode ser considerado um psicopata.

Mais ainda: o relato incluído no texto sugere que as pessoas que o fazem estão narrando a mais pura verdade.

Isto é evidentemente bullshit.

Então, cai-se no problema no relato do relato: o que é verdadeiro e o que é exagero, mentira ou engano?

E claro, se há uma estimativa que 4% da população seja psicopata, então os casos apresentados sugerem que este tipo de pessoas são praticamente semideuses, capazes de enganar a tudo e todos.

Na realidade, a situação é provavelmente intermediária. Sim, os psicopatas existem e não, eles não são os responsáveis por toda miséria humana.

Este é outro problema do texto: tende a glamurizar e pintar o ser humano melhor do que realmente é. O primeiro sinal foi o conceito de pessoas "do bem". Ah, relativismos a parte este conceito variou muito ao longo dos séculos.

Menos de 200 anos atrás a escravidão era plenamente aceitável - em todo o mundo. Há menos de 60 anos atrás, a segregação era aceitável na América. Faz mais ou menos 20 anos, ninguém dava a menor pelota pelos genocídios mundo afora.

Não, este negócio de pessoas "de bem" é conversa para acalentar bovinos. É o caso de uma tentativa de se criar e fixar uma auto imagem que agrada a si mesmo, mas não tem necessariamente correspondência com a realidade.

Bem, e o que ficou do livro? Que realmente existem psicopatas, que os mesmos tem tendências perigosas e que os psiquiatras também não sabe direito distingui-los ou lidar com eles.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

UnB - TV

Uma iniciativa interessante da UnB - A UnB-TV.

É o stream de vídeo com criações, notícias e demais pontos da UnB

quarta-feira, 14 de abril de 2010

A Swingin' Safari - famosa e você não sabe de onde

Bert Kaempfert - A Swingin' Safari .mp3
Found at bee mp3 search engine

URP novamente - "the plot thickens" - Parte 3

A terceira parte recebida trata do documento assinado pelo reitor. Há muita informação interessante e explicativa no texto. Temos aqui o mesmo:

Peço atenção especial ao seguinte parágrafo:

"Cabe esclarecer que a citada auditoria foi realizada em folha de pagamento da Fundação Universidade de Brasília, por solicitação do então reitor pro-tempre, Professor Roberto Armando Ramos de Aguiar, por meio do Ofício FUB 830-A de 18 de setembro de 2008, ainda que, na sua função de gestor do sistema federal de recursos humanos, o MPOG independe de solicitação para auditar as folhas de pagamento"

O reitor passa a listar os itens que foram levantados no relatório, bem como as providências tomadas em cada um dos mesmos.

  • Pagamento de vantagem pessoal transitória Mp1573-7/97 para 10 servidores - a vantagem teve origem na gratificação de localidade especial prevista na lei 6861/1980, paga até a sua extinção. Foi extinta pelo art2 da lei 9527/1997, passando a constituir, a partir dessa dat, vantagem pessoal, em caráter transitório, nominalmente identificada, sujeita exclusivamente à atualização decorrente de revisão geral da remuneração de servidores públicos federais;
  • Pagamento de vantagem pessoal - on 86/91 para 3 servidores - os servidores admitidos pela fundação de assistência ao estudante (FAE) em 1980, no cargo de técnico de nível superior foram redistribuídos para o ministério da educação em 31/3/1997 e já recebiam desde dezembro de 1991 a vantagem provista na orientação normativa SRH/MPOG 86 - auxílio alimentação
  • Auxílio natalidade para 1 servidora - constatação de pagamento incorreto de auxílio natalidade a servidora da FUB
  • Parcela complementar do art. 15 para 10 servidores - constatação de pagamentos incorretos a servidores inativos quando da implantação do novo plano de cargos e salários dos técnicos administrativos da FUB, referente à parcela complementar que trata o $2 do art 15 da lei 11091/2005, que tem caráter provisório.
  • Pagamento em dobro do art. 192 para 6 servidores - constatação de pagamento, em dobro, mediante decisão no mandado de segurnaça, a servidores aposentados da vantagem de que trata o art. 192, incisios I e II da lei 8112/1990. Os servidores recebem de forma administrativa e judicial.
  • URP/89 - Procuradores Federais para 11 servidores - constatação de pagamento aos servidores inativos relacionados, ocupantes de cargo de advogado, do percentual de 26.05% referente a URP de fevereiro /1989, calculado sobre seus vencimento básicos ou proventos fixados pela lei 5645/1975. O cargo foi transformado em Procurador Federal com o novo plano de cargos e remuneração, absorvendo os vencimentos ou proventos e todas parcelas de mesma natureza como a GAE, a representação mensal de que trata o decreto 2333/1989, bem como decisões judiciais que determinaram correções de valores desses vencimentos ou proventos. No entendimento da equipe de auditoria, as sentenças que concederam o percentual de 26,05% a título de reposição da inflação de fevereiro de 1989 não deveriam ser aplicadas a partir da data de criação da carreira de Procurador Federal.
  • Pagamento em dobro do GDAJ (Gratificação de Desempenho de Atividade Jurídica) para 5 servidores - constatação de pagamento da GDAJ instituída pela medida provisória 2048/2000, no percentual de 30% acumulada com a mesma gratificação mediante decisão judicial, caracterizando pagamento em duplicidade.
  • URP sobre GEMAS e RT para 2195 servidores - constatação de incidência da URP sobre os valores da tabela da estrutura remuneratória da carreira de magistério superiot, que passou a contar com os valores referentes às citadas gratificações.
  • Proporcionalidade entre RT e GEMAS para 152 servidores - constatação de pagamento de valores integrais das gratificações citadas a servidores aposentados com proventos proporcionais, contrariando o disposto na orentação normativa/srh/mpog 6/2007
  • Vantagem pessoal do art. 5 do decreto 95.689/88 para 2 servidores - constatação de pagamento a dois servidores, decorrente da diferença da reclassificação dos servidores no Plano Único de Classificação e Retribuição de Cargos e Empregos, contrários aos termos no Mandado de Segurnaça impetrado pelos servidores
  • Vantagem pessoal do art. 7 da lei 8270/92 para 2 servidores - constatação do pagamento dessa vantagem a dois servidores em desconformidade aos termos do Mandado de Segurança
  • Aposentadoria proporcional para 1 servidor - constatação de concessão de aposentadoria a servidor que não contava tempo suficiente, pois utilizou tempo para aposentar-se no IPEA
  • Vantagem pessoal do art 172 da lei 11784/2008 para 103 servidores - constatação de erro de cálculo dos valores pagos para atender o disposto no art. 41 da lei 8112/1990, na redação dada pelo art 172 da lei 11784/2008, que preconiza em $5 "que nenhum servidor receberá remuneração inferior ao salário mínimo". Os valores pagos para atender ao dispositivo legal citado foram calculados a maior.
  • Opção do art. 2 da lei 8911/94 para 17 servidores - pagamentos realizados a servidores inativos sem que os mesmos tivessem atendido os requisitos exigidos pelo art 193 da lei 8112/1990
  • Opção de função gratificada para 10 servidores - constatação de pagamentos a ex servidores de forma cumulativa de opção de função com incorporação de décimos de função gratificada, o que contraria a legislação.
  • Opção de função gratificada para 11 servidores - constatação de pagamento a ex-servidores de valores relativos a opção de função comissionada, sem o devido amparo legal
  • Função comissionada para 139 servidores - constatação de pagamentos realizados a servidores relativos à incorporação de quintos de funções comissionadas em desacordo com os critérios estabelecidos pelo TCU
  • Hora extra a ocupante de função gratificada para 18 servidores - constatação de pagamento de valores relativo ao adicional de serviços extraordinários a servidores ocupantes de função gratificada, o que é vedado.
  • Adicional de insalubridade para servidores afastados para 186 servidores - constatação de pagamento de valores a servidores relativos a insalubridade em períodos em que estavam com ocorrência de afastamento ou licença.
  • Pagamento de URP para 600 servidores. - pagamento da URP a servidores que ingressaram no quadro de pessoal da UnB a partir de janeiro de 2006 - constatação de pagamentos relativos a URP/1987 (?) a servidores que não recebiam a referida vantagem quando do deferimento da liminar nos Mandados de segurança impetrados em 2005, que tiveram por objeto a manutenção dos pagamentos até então efetuados pela UnB.

O reitor informa que todos os itens de ressalvas foram devidamente respondidos pela SRH da UnB com exceção de:
  • Incidência do percentual de 26.05% (URP/89) e 30% (gratificação do DL 2365/1987) nos proventos dos procuradores federais aposentados
  • Incidência de URP  sobre os valores da RT e GEMAS
  • Funções comissionadas - inclusão de parcelas indevidas relativas à incorporação de quintos de função comissionada
  • Pagamento de URP a servidores que ingressaram no quadro de pessoal da UnB a partir de janeiro de 2006.
Segundo o reitor, todos estes itens estão ligados a URP.

E podemos dizer que o texto do reitor está bem explicado.

E mais ainda: não temos "malfeitores" a vista na folha de pagamento como procurava o reitor pro-tempore.

A parte ruim é que esta informação poderia ter limpado os ares faz muito tempo.

Transparência Zero

URP novamente - "the plot thickens" - Parte 2

Temos então o pedido de auditoria pelo reitor pro-tempore Roberto Aguiar.

E a resposta?

Aí temos alguns problemas. O primeiro é que temos um relatório da auditoria, mas o mesmo é o quarto relatório. Isto já em 2009, ou seja no mandato do atual reitor Prof. José Geraldo. Vamos ao mesmo

Então vamos com bastante calma, página a página.

Primeiro, vemos este relatório tem o número 04/2009 e que foi realizado no período de 23 de março a 24 de abril de 2009. Não é possível saber se os três relatórios anteriores tratavam do mesmo assunto. Ou seja, não sabemos se existe 01/2009, 02/2009 ou 03/2009.

Na abertura temos que o relatório está sendo apresentado em cumprimento a uma determinação de 19 de fevereiro de 2009. Não está claro se a determinação veio da UnB, MPOG ou de quem seja. A redação sugere que a determinação em questão AUDI/SRH 40 tem relação com a administração da UnB (mas isto não é de modo algum claro).

Em seguida vemos uma descrição dos métodos operacionais da reitoria (amostral utilizando dados disponíveis no SIAPE durante o mês de março). A partir daí, no item 03, são descritos os parâmetros da auditoria: identificação de impropriedades ou irregularidades na folha de pagamento. A cada ocorrência é solicitado esclarecimento, informação, justificativas e correção baseada na legislação em vigor. Houve uma preocupação da equipe de auditores em fundamentar legamente cada ocorrência com propósito de informar o orgão auditado para que o mesmo aplique a legislação de pessoal na forma correta

A próxima folha trata dos números da UnB

Nesta folha temos informações quanto ao número de servidores e despesas com folha de pessoal. Na próxima folha temos somente uma sentença tratando do montante de despesas com aposentados e pensionistas:



 As próximas folhas são as de conclusões:

Nesta primeira folha temos algumas informações importantes:
- A repercursão financeira das exclusões e alteraçãos consideradas indevidas foram demostradas e fundamentadas, bem como seus efeitos no erário
- Mas o destaque é a ocorrência relativa a URP89, indicando que o valor base foi inicialmente o vencimento básico e posteriormente a mesma passou a ser calculada em todas as parcelas da remuneração. O paràgrafo seguinte diz textualmente:

"A questão da perda da eficácia de sentenças em razão de perda de objeto não tem sido observada pela Instituição. Até mesmo após a criação de novas carreiras, com novos planos de cargos e salários, a exemplo da carreira de Procuradores Federais e de gratificações instituídas recentemente, como a RT e a GEMAS, foi mantido o pagamento da URP/89

Entendemos não haver amparo legal para autorização de tais alterações nos critérios de pagamento e no objeto das sentenças transitadas em julgados por ato administrativo..."

Há ainda na mesma página uma ressalva lembrando que a despeito do valor elevado da despesa, as alterações não foram objeto de autorização do SIPEC. A última página antes das assinaturas trata ainda da URP.

E aí temos também mais detalhes com relação a URP:

"a) alteração, sem a devida autorização, dos critérios de cálculo dos valores pagos em rubricas judiciais;
b) pagamento de sentenças em que já ocorreu a perda do objeto;
c) inclusão em rubrica judicial de servidores que não eram parte da ação, mediante extensão administrativa dos efeitos da sentença;
d) continuidade de pagamento de valores em ribricas judiciais a servidores que sucumbiram ou tiveram segurnaça denegada (não sei o que é isto);
e) inobservância da obrigação de restituir ao Erário dos valores pagos no curso de processos judiciais dos servidores mencionados no item anterior"

Cabe lembrar que este texto esta escrito na página 61 de um relatório do qual temos apenas fragmentos.

Mas o fato permanece que as conclusões tratam que quase exclusivamente da URP.

Por fim temos a página final com a assinatura de todos auditores:


Aqui temos uma listagem das ocorrências, das quais não temos muito mais informações além do colocado nesta página. A lista é a seguinte:

  1. Pagamento de vantagem pessoal transitória Mp1573-7/97 para 10 servidores
  2. Pagamento de vantagem pessoal - on 86/91 para 3 servidores
  3. Auxílio natalidade para 1 servidora
  4. Parcela complementar do art. 15 para 10 servidores
  5. Pagamento em dobro do art. 192 para 6 servidores
  6. URP/89 - Procuradores Federais para 11 servidores
  7. Pagamento em dobro do GDAJ para 5 servidores
  8. URP sobre GEMAS e RT para 2195 servidores
  9. Proporcionalidade entre RT e GEMAS para 152 servidores
  10. Vantagem pessoal do art. 5 do decreto 95.689/88 para 2 servidores
  11. Vantagem pessoal do art. 7 da lei 8270/92 para 2 servidores
  12. Aposentadoria proporcional para 1 servidor
  13. Vantagem pessoal do art 172 da lei 11784/2008 para 103 servidores
  14. Opção do art. 2 da lei 8911/94 para 17 servidores
  15. Opção de função gratificada para 10 servidores
  16. Opção de função gratificada para 11 servidores
  17. Função comissionada para 139 servidores
  18. Hora extra a ocupante de função gratificada para 18 servidores
  19. Adicional de insalubridade para servidores afastados para 186 servidores
  20. Pagamento de URP para 600 servidores.
Desta relação, o maior valor anual refere-se ao item 8, seguido pelo item 20 e pelo item 17.

Mas tudo pode ser visto por cada um.

O que me irrita a respeito disto? Primeiro a não divulgação - na última página temos a data do relatório de 15 de junho de 2009. Como pode ser visto neste blog, o problema da URP só se tornou visível para maioria a partir de setembro de 2009. E de setembro para cá esta é a primeira vez que vemos este relatório.

Mas as outras queixas eu vou deixar para posts posteriores

Não fica bem mesmo

URP novamente - "the plot thickens" - Parte 1

Bem caros leitores. Hoje eu não consigo manter o equilíbrio no assunto URP. Estou oficialmente irritado

Lamento, mas hoje não dá. Então vocês podem fazer uma coisa: eu vou colocar toda a informação que eu tenho aqui e vocês podem fazer o julgamento... Pelo menos aí, dado que meus pontos serão em cima do material apresentado, vocês terão a garantia de isenção

Postei ontem um pedaço e agora vou destrinchar o problema segundo as informações que foram fornecidas no e-mail da Adunb (a qual não posso nem colocar o link pois o site está em manutenção).

Vamos pedaço por pedaço, parte por parte

Primeiro o ofício que trata do pedido de auditoria.

Como pode ser visto, a mesma foi solicitada pelo reitor pro-tempore Roberto Aguiar "considerando graves suspeitas da existência de irregularidades na folha de pagamentos dos servidores da Fundação Universidade de Brasília".

Bom, aparte um certo ar de caçada aos "malfeitores", a ação em si não pode ser julgada como inerentemente má. Afinal, existiam suspeitas largamente disseminadas naquela época sobre vários membros da comunidade da UnB. E uma atitude razoável seria pedir uma auditoria para esclarecer tudo.

Pode-se discordar da forma. Afinal não seria melhor um outro tipo de investigação? O MPOG era realmente o interlocutor certo para a ocasião? Trazer o MPOG não poderia levantar mais problemas do que se esperava?

Bem, todas estas questões se classificam na categoria "e se". No fundo, o pedido era razoável e podemos categoriza-lo como um ato com as melhores intenções com relação a UnB.

Já as consequências...

Mas isto é assunto para um próximo post

terça-feira, 13 de abril de 2010

Sleepwalk - dolorosamente bela

Various Artists - Santo & Johnny - Sleepwalk .mp3
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Blues After Hours

Pee Wee Crayton - Blues After Hours .mp3
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Pau no Pro-Tempore?

É a coisa ficou feia agora.

Recebemos via e-mail um ofício que mostra que o pedido de auditoria para o MPOG foi realizado pelo reitor pro-tempore Roberto Aguiar.

A intenção no documento é bem clara: identificar as falcatruas da administração anterior.

A auditória não encontrou falcatruas

Encontrou a URP. E o resto é história

Dito isto...

Estão faltando pedaços nesta história. Não creio que temos ainda todas as peças do quebra cabeças

Por una Cabeza

Carlos Gardel - Por Una Cabeza .mp3
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segunda-feira, 12 de abril de 2010

Não sai mais da cabeça

Esta avisado - esta música fica na cabeça mesmo. Mas é legalzinha
Piero Umiliani - Mah Na' Mah Na' .mp3
Found at bee mp3 search engine

Milton Zaminato - Uma lenda na internet

Pesquisando na internet sobre a UnB encontrei o seguinte texto:

Resposta de um professor da UNB à campanha anti-lula

Não vou fazer parte de campanha ANTI-PT
Acredito que somente uma pessoa que nada aprendeu, não muda suas opiniões.
Passei a vida toda lutando contra a Ditadura Militar e políticos da Arena; PDS; PFL; PSDB.
Vivi a era FHC e vi o país ser posto à venda.
Vi mais de 100 empresas públicas serem privatizadas", sem que o produto da venda tenha sido utilizado em favor do País.
Fiquei 08 anos sem nenhum centavo de reajuste salarial.

Vi colegas de trabalho, concursados, serem demitidos, através do malsinado RH 008.

Vi todo o processo de desmonte da Caixa para a privatização.

Vi escandalizado, dezenas e dezenas de CPIs serem abortadas a custa de muita grana.
Vi o Procurador Geral da União ser chamado de Engavetador Geral da União.

Vi a Polícia Federal de mãos amarradas.

Vi o FMI mandando e desmandando e os Governos dizendo amém.

Vi um país que gerou apenas 8 mil empregos mensais durante 08 longos anos.

Vi trabalhadores escravos.

Vi e vivi. Participei de dezenas de passeatas.

Vi o "pensamento único" do PSDB calando jornais, rádios e TVs.
Vi um mensalão ocultado, de 200 mil reais pago a cada parlamentar corrupto, pela reeleição de FHC

Vi o Banco Central "doando" milhões de dólares para os banqueiros falidos salvarem suas peles.

Vi milhares de micros e pequenas empresas fechando suas portas (o famoso governo "latinha") para dar lugar aos importados pela paridade do dólar.
Vi um presidente e sua enorme comitiva, passeando pelos céus mais caros do planeta para a sua auto promoção.
Vi o apagão e como fomos forçados a custear essa falha nas contas de luz.
Vi o escândalo do SIVAM.
Agora que o Brasil gera mais de 100 mil empregos mensais;
Que as indústrias batem recordes de produção;
Que o comércio bate recordes de venda;
Que o país bate recordes de exportações;
Que dispensamos a tutela do FMI;
Que o BB contrata milhares de novos empregados concursados;
Que estamos entrando em período de deflação;
Que 09 milhões de famílias são atendidas pelos programas sociais do Governo;
Que jovens de baixa classe social podem ter acesso à Universidade através do PROUNI
Que a agricultura familiar está tendo acesso ao crédito e de fato sendo valorizada;
Que as pequenas e micros empresas voltam a abrir portas;
Que a Polícia federal atua sem amarras e desbarata uma quadrilha atrás da outra, como nunca em toda a sua história;
Que a fiscalização da Receita Federal está fazendo as grandes empresas e bancos recolherem impostos (tanto que a Receita federal também bate recordes de arrecadação);
Que o Ministério do trabalho fiscaliza as empresas (o FGTS também bate recordes históricos de arrecadação) e está erradicando o trabalho escravo no campo.
Agora vem alguém me pedir para ir às ruas contra LULA e o governo popular???!!!


E ainda ver o alkmin no palanque pedindo "ética na política" ao lado de sabem quem? seu Jorge Bornhausen!!!!! (Clique aqui para saber quem é esse cara)
Meu amigo: TÔ FORA!!!!!
Estou pronto para ir às ruas pedir investigação de quaisquer atos de corrupção praticados por quem quer que seja. Que a Polícia Federal, O Ministério Público Federal e outras instituições sérias investiguem com total isenção, e que a Justiça puna exemplarmente todo aquele que tenha praticado irregularidade.

Fazer o jogo e servir de instrumento de pessoas como ACM e o netinho malcriado, Bornhausen,FHC, Serra, Alckmin, Arthur Virgílio, Álvaro Dias, Jeffersons da vida, e outros, que todos sabemos muito bem quem são, JAMAIS!
(Milton Zaminato - Prof. da UNB)
 
Muito bem, e daí?
 
Bem, Milton Zaminato não é professor da UnB. Não há nenhum documento com seu nome no site da UnB (o que é muito difícil) e nenhum currículo Lattes de tal pessoa (o que praticamente é impossível).
 
Ao procurar na internet o único documento relacionado a este nome é justamente o mostrado acima.
 
Então o que isto quer dizer? Bem, provavelmente Milton Zaminato foi "criado" apenas para dar autoria a esta mensagem e foi utilizado o título de professor da UnB apenas para dar credibilidade ao texto.
 
Por si só isto é errado, mas não é diferente de alguns textos de lenda urbana. O ruim é que foi usado como ferramenta promocional política.
 
E a internet esta cheia disso

domingo, 11 de abril de 2010

quarta-feira, 7 de abril de 2010

A questão do inimigo externo

Uma técnica muito utilizada na condução de interesses é a criação de um inimigo externo.

O mesmo pode ser real ou imaginário e mesmo congregar classes de interesses muito diversos.

Esta técnica é tão utilizada por tantos grupos que mesmo governos costumam fazer uso dela de modo praticamente diário. O primeiro passo é congregar todos os que mesmo remotamente se inserem nesta classe e classifica-los por uma nomenclatura.

Podem ser comunistas, direitistas, terroristas, mercantilistas, rorizistas, arrudistas, petistas, psdbistas e assim vai.

A vantagem desta técnica é que tende a congregar as ações focadas para um grupo e assim dá uma "cara" ao adversário.

A desvantagem é que trata-se de uma mentira deslavada

Ao congregar diversos interesses sob uma máscara comum, perdem-se exatamente as características que podem ser utilizadas como pontos comuns. Afinal, um inimigo não pode ter nada de comum com os "mocinhos", certo?

Errado. Ao inimigo externo são geralmente associadas todas as mazelas que reconhecidamente também há pontos em comum com o "mocinho". Aliás, o inimigo externo costuma ser o para raio de tudo que não dá certo.

Estamos com desabastecimento? Culpa dos especuladores (alguém já parou para pensar porque? E porque o especulador só contribuí para o desabastecimento e não pelo aumento da disponibilidade de recursos?)

Estamos com divisões internas? Culpa dos divisionistas que querem acabar conosco (divisionismo é ruim, mas como levar em conta as opiniões divergentes então?).

E naturalmente os meus favoritos: capitalistas e comunistas. Trocam-se políticas de países e agrupamentos por ações de um grupo místico com poderes quase sobrenaturais. O capitalista é ao mesmo tempo capaz de uma sagacidade de um semideus e tolo a ponto de deixar clara a sua participação no "complo". Já o comunista é de uma maldade sem limites, tendo provavelmente devorado os próprios pais e estando de olho nos filhos.

Está na hora de denunciar este tipo de argumentação falaciosa para as pessoas...

Mas será que as pessoas estão preparadas para ouvir? Errrr, não!

Na minha visão, devido a forma que nós funcionamos, estamos presos neste tipo de generalização tola. As mesmas ferramentas que nos permitiram avançar na ciência - reducionismo vem a mente - nos limitam na análise de situações mais complicadas.

E o fato de estarmos todos envolvidos diretamente não ajuda em nada.

Caso em questão: URP

De nada adianta explicar as complexidades envolvidas no problema, os interesses em jogo e as ramificações das decisões. Nos movimentos tudo se resume a: Nós (alunos, professores ou técnicos) contra Eles (governo).

Não há interesse em passar que diferentes atores no governo tem diferentes visões sobre o problema. Não há interesse em passar que parte dos problemas não foram causados por alguns dos atores.

Nada disso é importante

Quanto mais simples, quanto mais básico, mais fácil é congregar os interesses

Mesmo que estejam fundamentalmente equivocados.

A verdade é que bom-senso é mercadoria rara, mas devido as inclinações anti mercantilistas aqui na UnB ele não vale nada.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Dia da Mentira

Ah, se fosse apenas no dia primeiro de abril...

Mas penso eu que mentira pode ser uma estratégia evolutiva de grande sucesso na linguagem. Já temos vários exemplos da mentira sendo usada de modo mais físico - como camuflagem por exemplo.

Na linguagem, que é relativamente recente, a mentira pode ser uma estratégia evolutiva. E por estratégia evolutiva eu digo ferramenta de adaptação mesmo.

Não sei, mas penso que mentir pode ser uma forma de convencimento. E convencimento pode facilitar a vida do interlocutor.

Isto leva a surpreendente conclusão, dado que nosso lado emocional é quem toma decisões e nossoa lado racional as justifica, que a melhor mentira é a que queremos ouvir.

Bola de Cristal - O Apagão de 2009

Finalmente, depois de muito spin, chegou-se a conclusão sobre a causa do apagão.

Como eu já havia falado em posts anteriores (vide Apagão), a história do raio era furada. E finalmente verificou-se que era mesmo.

O Blog do Noblat traz a notícia:

Só agora , quase cinco meses depois do apagão que atingiu ao menos 1.800 cidades em 18 Estados do país, surge uma explicação oficial satisfatória para o corte abrupto e generalizado de energia no final de 2009.

Segundo relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica, divulgado na semana passada, a responsabilidade recai sobre a empresa estatal Furnas, cujas linhas de transmissão cruzam os mais de 900 km que separam Itaipu de São Paulo.
Equipamentos obsoletos, falta de manutenção e de investimentos, além de erros operacionais conspiraram para produzir a mais séria falha do sistema de geração e distribuição de energia do país desde o traumático racionamento de 2001.
Técnicos da Aneel já haviam constatado, em julho de 2009, problemas nos "sistemas de proteção das instalações de transmissão" de Furnas. Foi em seguida conferido à empresa um prazo de mais de dois meses para que se procedessem aos ajustes e investimentos necessários -de maneira específica, nas subestações de Ivaiporã (PR) e Itaberá (SP), onde o blecaute teve origem. Como nenhuma medida foi tomada, o sistema ficou "sujeito a risco de novos desligamentos".
Em novembro, a crise anunciada aconteceu. Temeroso do possível desgaste eleitoral que a falha poderia acarretar para a candidata petista Dilma Rousseff, a gestora do sistema de energia do país, o governo lançou uma nuvem de fumaça sobre o episódio. O ministro Edison Lobão logo tratou de atribuir a um temporal em Itaberá um curto-circuito nas linhas de transmissão.
Além de proteger Dilma, ao governo não interessava jogar luz sobre um setor da administração estatal entregue à esfera de influência do PMDB, sigla que se tornou uma espécie de modelo de fisiologia na política.
O relatório da agência não deixa dúvida sobre a responsabilidade do governo Luiz Inácio Lula da Silva no apagão. O que houve, em resumo, foi falta de acompanhamento do sistema e de investimentos por parte do Estado.

O problema é: eu desconfio que não foi só isto não. A hipótese de invasão passou de remota a ser factível. E infelizmente, esta é uma notícia que não vai aparecer de modo algum.
 
Então vamos ficar com as causas divulgadas mesmo.